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Porque quer Trump a Gronelândia? E pode vir a tê-la?

Sofia Parissi 13 de janeiro de 2025 às 07:00

O primeiro-ministro da Gronelândia, Mute Egede, frisou: "A Gronelândia é nossa. Não estamos à venda e nunca estaremos à venda. Não podemos perder a nossa longa luta pela liberdade".

No passada terça-feira, 7 de janeiro, Donald Trump reforçou a intenção de anexar a Gronelândia e não descartou a possibilidade de utilizar recursos económicos ou força militar para o conseguir. A Gronelândia é uma região semi-autónoma da Dinamarca e de acordo com o futuro presidente dos EUA (toma posse a 20 de janeiro de 2025) a sua integração no País é necessária para "a segurança económica".  

EPA

No dia 11, foi revelado que a Dinamarca enviou mensagens privadas à equipa de Donald Trump para indicar a vontade de discutir o aumento da segurança na Gronelândia ou o aumento da presença militar dos EUA na ilha sem que estes reclamem a ilha, indicou o site Axios.

Segundo a mesma fonte, o governo da Dinamarca pretende convencer Trump que as suas preocupações de segurança podem ser resolvidas sem que tente anexar a Gronelândia.

Porque é que Trump quer a Gronelândia?

O valor geoestratégico e os recursos minerais seriam as principais mais-valias para os Estados-Unidos, caso a Gronelândia aceitasse fazer parte do país. De acordo com a agência Reuters, a primeira deve-se ao facto de a ilha ficar na rota mais curta entre a América do Norte e a Europa, e de as águas entre a Gronelândia, a Islândia e o Reino Unido representarem uma porta de entrada para navios da marinha russa. Um acordo de defesa assinado entre os EUA e a Dinamarca em 1951 permitiu que os EUA instalassem na ilha bases militares.

Além disso, a ilha está repleta de minerais raros, caso do urânio, chumbo e zinco e também apresenta reservas de gás natural e petróleo. 

"A Gronelândia é um sítio incrível e as pessoas irão beneficiar tremendamente se, e quando, se tornar parte da nossa nação", afirmou Donald Trump numa publicação feita na Truth Social no dia 6 de janeiro. 

Questionado sobre as declarações acerca da Gronelândia e do Canal do Panamá, Trump respondeu numa conferência de imprensa: "Nós precisamos deles para segurança económica". Anteriormente, já tinha referido que queria recuperar o Canal do Panamá, cujo controlo foi cedido ao Panamá em 1977. 

Como reagiu a Dinamarca?

"Reconhecemos plenamente que a Gronelândia tem as suas próprias ambições. Se elas se materializarem, a Gronelândia tornar-se-á independente, embora dificilmente com a ambição de se tornar um estado federal nos Estados Unidos", disse o ministro dos negócios estrangeiros dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen, citado pela Reuters. Sobre a atividade russa no Ártico, acrescentou: "Estamos abertos a um diálogo com os norte-americanos sobre como podemos possivelmente cooperar ainda mais estreitamente do que fazemos para garantir que as ambições norte-americanas sejam cumpridas."

O primeiro-ministro da Gronelândia, Mute Egede, reagiu às declarações de Donald Trump e afirmou: "A Gronelândia é nossa. Não estamos à venda e nunca estaremos à venda. Não podemos perder a nossa longa luta pela liberdade".

Em 1946, o presidente Harry S. Truman também propôs comprar a ilha por 100 milhões de dólares em ouro, mas a proposta foi recusada por Copenhaga.

Como é a ilha?

Faz parte da Dinamarca há mais de 600 anos, mas tem autonomia e um parlamento próprio. Pertence à NATO, tem cerca de 56 mil habitantes e fica no Círculo Polar Ártico, com uma grande parte do território coberto por gelo. A principal atividade de sustento da economia dos gronelandeses é a pesca que representa mais de 95% das exportações, de acordo com a Reuters.

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