A Edição Diária no seu e-mail
De Sábado a Sábado, receba no seu e-mail um resumo das notícias mais relevantes do dia.
Subscreva Já
O que significa ter sido declarada fome em Gaza?
A Organização Mundial de Saúde já alertou que a desnutrição infantil “está a acelerar a um ritmo catastrófico”, com mais de doze mil crianças identificadas como gravemente desnutridas apenas em julho.
Índice
- 1O que é a fome?
- 2O que acontece quando se é vítima da fome?
- 3Como é a recuperação da fome?
- 4Qual foi a reação de Israel?
O Quadro Integrado de Classificação da Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês) divulgou esta sexta-feira uma análise onde considerou que mais de meio milhão de pessoas na Cidade de Gaza estão destinadas à fome e miséria generalizada e mortes evitáveis. O relatório refere ainda que é provável que esta situação se espalhe para o sul do enclave, especialmente para as cidades de Deir al-Balah e Khan Younis, até ao final do mês que vem.
Pessoas usam panelas para obter ajuda em Gaza, localidade onde foi declarada fome
AP Photo/Jehad Alshrafi, File
1O que é a fome?
O IPC considera que uma região está em situação de fome tendo por base três condições: 20% das famílias têm extrema falta de alimentos ou estão essencialmente a morrer de fome; pelo menos 30% das crianças sofrem de desnutrição aguda ou definhamento, o que significa que estão magras de mais para a sua altura; dois adultos ou quatro crianças em cada dez mil pessoas morrem diariamente de fome ou das complicações por si geradas. Em Gaza, a Organização Mundial de Saúde afirmou que a desnutrição infantil “está a acelerar a um ritmo catastrófico”, com mais de doze mil crianças identificadas como gravemente desnutridas apenas em julho. O IPC prevê cinco níveis de segurança alimentar: a segurança alimentar geral, insegurança alimentar moderada ou limitada, crise aguda de alimentação e subsistência, emergência humanitária e fome ou catástrofe humanitária.2O que acontece quando se é vítima da fome?
Quando não existe comida suficiente para garantir os mínimos necessários para o funcionamento do corpo o organismo começa por esgotar as suas reservas. Mark Manary explicou que “temos cerca de três dias de carboidratos e, algumas pessoas, podem ter até meses de gordura no nosso corpo”, no entanto “quando esses carboidratos se esgotam o corpo precisa de continuar a trabalhar” e é aí que se vê “as pessoas a ficarem muito magras”. Na realidade o que acontece é que os músculos vão sendo comidos pelo nosso organismo para que se consiga manter vivo e a qualquer momento o processo pode falhar e qualquer infeção pode levar à morte.3Como é a recuperação da fome?
Se alguém que está numa situação de fome voltar a ter acesso a comida o risco de morte demora cerca de uma semana para diminuir, no entanto podem ser necessários vários meses para que ocorra uma recuperação total. Quando a fome é declarada os governos e a comunidade internacional, incluindo a ONU, tendem a desbloquear ajuda humanitária e financiamento para fazer chegar ajuda alimentar à população. António Guterres, secretário-geral da ONU, já reagiu à declaração de fome e considerou: “Mesmo quando parece que já não há palavras para descrever o inferno vivido em Gaza, surge uma nova: ‘fome’. Isto não é um mistério, é uma catástrofe provocada pelo ser humano, uma acusação moral e um fracasso da própria humanidade”. O relatório do IPC refere que a fome em Gaza é causada pelo homem pelo que “pode ser interrompida e revertida” e deixa um aviso: “O tempo para debate e hesitação já passou, a fome está presente e espalhando-se rapidamente”.4Qual foi a reação de Israel?
Israel já rejeitou o relatório e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu considerou-o como uma “mentira descarada”: “O relatório do IPC é uma mentira descarada. Israel não tem uma política de fome. Israel tem uma política de prevenção à fome”, publicou o seu gabinete no X. Também a agência militar israelita responsável pela transferência de ajuda para o território palestiniano rejeitou o relatório, considerando-o “falso e tendencioso”, até porque defende que medidas significativas foram tomadas para aumentar a quantidade de ajuda que entra na Faixa de Gaza nas últimas semanas. Numa publicação nas redes sociais, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel rejeitou as conclusões e reforçou que mais de cem mil camiões de ajuda humanitária entraram em Gaza desde o início da guerra, tendo existido um grande aumento nas últimas semanas. A Cidade de Gaza foi poupada aos ataques militares durante a maior parte da guerra, mas há pouca semanas Netanyahu anunciou que as Forças de Defesa de Israel iam entrar na cidade mais populosa do enclave, onde também se acredita que estejam os reféns feitos pelo Hamas no ataque de 7 de Outubro. O líder israelita tem defendido que é preciso aumentar a pressão militar é necessária para atingir os seus objetivos de libertar os reféns e eliminar completamente o grupo militar.Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Boas leituras!
Tópicos
Alimentação
Ajuda externa
Fome
Morte
Gaza
Israel
Hamas
Organização das Nações Unidas
Benjamin Netanyahu
Forças de Defesa de Israel
Ministério dos Negócios Estrangeiros
Organização Mundial de Saúde
António Guterres
Artigos recomendados
As mais lidas
Polícias espancam até à morte
18 de agosto de 2025 às 07:07Augusto Freitas de Sousa
€2 mil por uma barraca, com puxada de água e luz. O negócio escondido
12 de agosto de 2025 às 23:00Rita Rato Nunes
Comer bem para fugir ao açúcar
12 de agosto de 2025 às 23:00Susana Lúcio
D. Manuel I. Os amores do rei que não teve amantes
19 de agosto de 2025 às 23:00Vanda Marques
D. Manuel I, o rei mais poderoso que Alexandre, o Grande
19 de agosto de 2025 às 23:00Vanda Marques