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Quão confiável é a sua memória? Menos do que pensava

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 06 de abril de 2023 às 17:03
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Mesmo as memórias criadas há pouco tempo podem ser deturpadas pelas expetativas de cada um, consideram investigadores dos Países Baixos.

Quão confiável é a sua memória? Menos do que pensava, provavelmente. Um novo estudo liderado pela Universidade de Amesterdão, nos Países Baixos, indica que mesmo as memórias mais recentes, criadas há apenas segundos, podem ter erros. Ao fenómeno, os investigadores chamaram "ilusões de memória a curto prazo".

Marte Otten, autora principal do estudo, explica ao jornal The Guardian que "mesmo a curto prazo, a nossa memória pode não ser totalmente confiável". "Particularmente quando temos fortes expectativas sobre como o mundo devia ser, quando a nossa memória começa a dissipar-se um bocadinho - mesmo depois de um segundo e meio, dois segundos, três segundos - aí começamos a encher lacunas baseando-nos nas nossas expetativas."

A investigação, publicada no jornal científicoPlos One, teve por base quatro etapas.

Primeiro, os participantes foram examinados para garantir que eram capazes de completar tarefas básicas de memória visual e de seguida, era-lhes apresentado um círculo de seis ou oito letras, sendo que uma ou duas imagens eram de formas obtidas por um espelho: a imagem simétrica.

Passados alguns segundos, era mostrado um segundo conjunto de letras, que foram instruídos a ignorar, uma vez que o objetivo era funcionarem como distração.

Por fim tiveram de indicar onde estava uma letra numa localização particular no primeiro conjunto, e pontuar a sua confiança nessa escolha.

Vinte e três participantes que afirmaram ter alta confiança nas suas respostas acabaram por cair no erro mais comum de escolher a imagem simétrica da letra, em vez da letra certa.

E se os investigadores indicavam às pessoas para dizer onde estava uma imagem simétrica de uma letra, as pessoas cometiam mais o erro de dizer que tinham visto uma letra normal.

Para os investigadores, os erros devem-se ao conhecimento do alfabeto dos participantes, em vez das semelhanças na aparência das formas.

As descobertas foram confirmadas por resultados em três experiências semelhantes que, ao todo, envolveram 348 participantes.

Os investigadores querem ainda investigar como funcionam as ilusões da memória a curto prazo noutras situações, como as de discurso.

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