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Prémio Ig Nobel vai para aranhas reanimadas e rochas lambidas

Tiago Neto
Tiago Neto 15 de setembro de 2023 às 21:23
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Os galardões, que desde 1991 celebram feitos pouco ortodoxos da pesquisa científica, distinguiram este ano uma nova fornada de temas "que nos fazem rir, mas pensar".

Chamam-se Ig Nobel – leia-se ignobel – e são uma forma de distinguir os feitos mais bizarros da concretização científica ao longo de um ano. Ao contrário dos mais prestigiados Nobel, os Ig têm como objetivo satirizar as conquistas mas, paralelamente, criar conhecimento e dar ao público uma nova perspetiva.

Reuters

Organizada pela revista cómico-científica Annals of Improbable Research (AIR), a cerimónia deste ano, que decorreu quinta-feira, 14 de setembro, contou com a presença de personalidades distinguidas com o Nobel, que viriam a anunciar os dez vencedores. 

O prémio? Um documento PDF, passível de ser impresso e transformado num troféu tridimensional, bem como uma nota de 1 trilião de dólares do Zimbabué – cerca de 40 cêntimos na moeda europeia.

Entre os dez vencedores está a equipa norte-americana distinguida na categoria de engenharia mecânica pelo trabalho na reanimação de aranhas mortas para serem usadas como tenazes automatizadas. O grupo, da Universidade de Rice, no Texas, incluía os engenheiros Te Faye Yap e Daniel Preston.

"Ao montar o nosso laboratório, reparámos numa aranha morta e enrolada no fundo do corredor", descreve Te Faye Yap. "O nosso momento ‘aha!’ ocorreu quando descobrimos que as aranhas só têm músculos flexores para contrair as pernas para dentro e dependem da pressão hidráulica para estender as pernas para fora."

Na área da nutrição, Homei Miyashita, professor auxiliar e investigador principal da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Meiji, a par da investigadora Hiromi Nakamura, da Universidade de Tóquio, distinguiram-se pelo trabalho sobre pauzinhos eletrificados e palhinhas.

"O sabor dos alimentos pode ser alterado por estimulação elétrica, e isso é algo que tem sido difícil de conseguir com ingredientes convencionais, como temperos", explicou Nakamura. Segundo a investigadora, a pesquisa mostrou que é possível aumentar o sabor salgado dos alimentos recorrendo à estimulação elétrica da língua.

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Na categoria de saúde pública, a equipa do Dr. Seung-min Park, da Universidade de Stanford, Estados Unidos, arrecadou o prémio pelo desenvolvimento de uma sanita inteligente que recorre à tecnologia para monitorizar dejetos humanos em busca de sinais de doenças, além da implementação de um sensor de impressão anal como parte do sistema para identificar o usuário.

Ainda nos premiados, Jan Zalasiewicz, da Universidade de Leicester, Inglaterra, venceu o Ig Nobel da química e geologia, feito alcançado através da explicação do fenómeno que leva vários cientistas a lamber rochas.

Segundo o geólogo e paleontólogo, a primeira ocorrência deste tipo de prática terá começado no século XVIII com o geólogo italiano Giovanni Arduino, embora este lambesse as rochas com o intuito de usar o sabor para o ajudar a identificar minerais, o que difere da atualidade.

Para Zalasiewicz, os geólogos de campo modernos fazem-no, agora, para ajudar o sentido da visão, não o do paladar, porque uma superfície molhada mostra melhor as partículas minerais do que uma superfície seca", clarificou.

Os restantes galardoados podem ser consultados nosite oficial da AIR.

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