As celebridades de Hollywood rendem-se a eles, as influencers portuguesas também. Mas faltam estudos consistentes, afinal não passam de placebos? Os mitos e as verdades sobre a nova variante de combate às rugas: dermatologista esclarece à SÁBADO.
Ninguém diria que elas têm mais de 45 anos, já que desafiam as linhas do tempo. Estrelas de Hollywood aparentemente perfeitas, Cameron Diaz (52), Jennifer Aniston (56) e Kate Hudson (46) rendem-se aos suplementos de colagénio para as peles lisas e propagam os supostos benefícios nas redes sociais. A moda chega a Portugal, cominfluencersa ditarem o mesmo nas suas contas de Instagram e os seguidores a adotarem os produtos – sejam em pó, em cápsulas, com ou sem sabores, adicionados emsmoothiesou outras bebidas.
Steve Granitz/FilmMagic; Erin Simkin/Apple; Getty Images
Mas será que este auto-cuidado se traduz mesmo em jovialidade? Eis a questão que a dermatologista estética Marta Ribeiro Teixeira responde prontamente à SÁBADO: "Não há evidência científica que mostre que a suplementação de colagénio possa ter efeito no antienvelhecimento".
Não é a única a dizê-lo. Um artigo recente do jornal britânico The Guardian, corrobora a sua posição. De acordo com um especialista ouvido pela publicação, Afshin Mosahebi, professor de cirurgia plástica na University College London, sobre este tema há "falta de estudos em larga escala, revistos pelos pares". Mas se as influenciers dizem, o senso comum tende a copiá-las.
Desiludidos, os pacientes chegam aos consultórios médicos a questionarem a eficácia deste tipo de suplementos – sobretudo no último ano, segundo a experiência clínica de Marta Ribeiro Teixeira. A dermatologista é peremtória: "Diria que a relação de custo-benefício não existe. São poucos os estudos que mostram alguma vantagem na hidratação da pele. Mas um estudo credível, feito com muitos pacientes e de forma isenta não há. Os que existem sobre a suplementação de colagénio não têm critérios científicos exigentes e isso faz diferença."
Aliás, a médica reforça o que diz com mais um artigo científico: uma meta-análise abrangente (revisão sistemática aos estudos), divulgada a 2 de maio, no The American Journal of Medicine, que concluiu pela falta de resultados consistentes em ensaios clínicos acerca do tema. Mas vamos por partes.
Perda de colagénio com a idade
Quando se fala em retardar o envelhecimento da pele, não faltam apelos à toma de colagénio e inúmeras marcas de suplementação prometem resultados na publicidade online. De facto, o colagénio existe, é uma proteína produzida pelo nosso corpo e dá firmeza à pele. Mais: compõe 90% da pele.
Sendo uma barreira entre o corpo e o meio externo, a pele funciona também como regulador da temperatura corporal e primeira linha de proteção do corpo, além de ser o nosso cartão-de-visita. Conta (e muito) para a aparência. Porém, "a partir dos 25 anos a nossa pele vai perdendo cerca de 1% de colagénio por ano", explica Marta Ribeiro Teixeira. Surgem as primeiras rugas, linhas faciais profundas, a flacidez e perda de hidratação, assim como a falta de elasticidade, aceleradas pela exposição solar.
Mercado cresce 6,5% ao ano
Se a quebra de produção de colagénio com a idade pode ser colmatada pela suplementação do mesmo, é discutível. A dermatologista reitera: "Não há nenhum estudo credível que mostre que a suplementação oral de colagénio possa aumentar os níveis de colagénio na pele". Sobre os cremes com esta proteína, diz serem ineficazes. "Pôr colagénio em cima da pele não vai funcionar, porque não penetra na pele."
Não há nenhum estudo credível que mostre que a suplementação oral de colagénio possa aumentar os níveis de colagénio na pele
Marta Ribeiro Teixeira, dermatologista
Com a omnipresença das redes sociais, as pessoas seguem num clique as dicas de influencers e inconscientemente, ou não, acabam por ser "impactadas pela publicidade" do colagénio em suplementos. No caso, "ficam muito surpreendidas quando eu e os meus colegas dizemos que não há evidência científica", continua a dermatologista.
O medo da idade, a necessidade de esbater o tempo (mais visível no rosto), leva a que o negócio na área da suplementação de colagénio cresça continuamente desde 2014. Os números assim o provam: ainda de acordo com o artigo doThe American Journal Of Medicine, o mercado duplicou em quatro anos (de 2019 a 2022) e estima-se que cresça acima dos 6,5% ao ano, entre 2023 e 2032, nos Estados Unidos.
O que resulta
Para já, há falta de literacia na área. Não raras as vezes, os pacientes de Marta Ribeiro Teixeira lançam esta dúvida – mais elas, entre os 35 e os 50 anos, mas os homens também começam a aparecer nas consultas com esta questão. Dizem fazer os suplementos de colagénio, mas por vezes falta-lhes o básico: por exemplo, usar protetor (não só na praia, também no dia-a-dia antes de saírem de casa). "Explico-lhes que têm mais vantagens em fazerem um protetor solar, sérum de retinol, antioxidantes, dermocosméticos ou medicina estética regenerativa", esclarece.
Getty Images
Quanto aos procedimentos estéticos para aumentar a produção de colagénio, a médica enumera alguns com evidência científica: os bioestimuladores (injetáveis na pele), os lasers ou a radiofrequência (calor gerado por ondas eletromagnéticas).
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