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Especialistas consideram medida da distribuição positiva, no entanto defendem que não há qualquer motivo para os tampões ficarem de fora: "Deve ser feito um trabalho para normalizar o período e não privar as raparigas de momentos da sua vida”.
O Governo já começou a distribuição gratuita de produtos de recolha menstrual, através das escolas públicas. No entanto, a inclusão de tampões apenas a partir dos 16 anos está levantar algumas questões.
REUTERS/Stefan Wermuth
Segundo a diretiva da Direção-Geral da Educação, a distribuição prevê, mensalmente, até aos 15 anos, a entrega de uma embalagem de pensos higiénicos de dia e uma embalagem de pensos higiénicos de noite. A partir dos 16 anos, serão distribuídas uma embalagem de pensos higiénicos de noite e uma embalagem de pensos higiénicos de dia ou uma embalagem de tampões, conforme a disponibilidade.
Patrícia Lemos, formadora e ativista autora de livros como Período - Um Guia para Descomplicar e Não é só sangue – uma conversa sobre o ciclo menstrual, partilhou no seu Instagram que lhe estavam a chegar várias mensagens sobre a inclusão dos tampões apenas aos 16 anos, até porque algumas raparigas que já utilizavam ficaram com a perceção, depois de uma conversa com a enfermeira que foi à escola, que não o deveriam estar a fazer.
À SÁBADO reforça que "é um avanço tremendo" o simples facto dos kits estarem a ser distribuídos nas escolas porque "não temos todos o mesmo contexto socioeconómico e, especialmente nas famílias onde há muitas mulheres, comprar produtos menstruais pode ser um grande esforço financeiro".
Ainda assim, alerta que "várias seguidoras denunciaram que estavam a receber emails dos diretores de turma onde é referido que a distribuição deve ser autorizada pelos encarregados de educação", algo que deixa algumas das crianças mais vulneráveis devido ao seu contexto social, até porque "não é uma escolha ter o período".
Patrícia Lemos critica também "o limite de idade" para a utilização de tampões, algo que considera que "está relacionado com noções de sexualidade": "Não nos podemos esquecer que vivemos numa sociedade muito patriarcal. A determinada altura temos de nos questionar do que falamos quando nos referimos à virgindade, a sexualidade tem tantas questões e vertentes que se nos focamos apenas na penetração estamos em contracorrente com aquilo que tem sido cada vez mais naturalizado".
Sílvia Roque, ginecologista e obstetra, também refere que "o tampão não tira a virgindade, de todo" e explica que muitas vezes essa visão está relacionada com o romper do hímen, uma visão que também está errada porque além de "a virgindade poder não ser o hímen", "há hímenes complacentes, ou seja, elásticos que por norma não se rompem durante relações sexuais e depois há raparigas que por andarem na ginástica, na equitação ou mesmo por andarem de bicicleta acabam por o romper sem qualquer relação sexual".
No entanto, Patrícia Lemos admite que "muitas das meninas não se sentem à vontade nos primeiros anos para utilizarem tampões", mas acredita que isso está muito relacionado com "o estigma existente relativamente aos produtos internos" e que "tendo em conta que a idade média para a primeira menstruação no mundo ocidental é de 12,4 anos", "deve ser feito um trabalho para normalizar o período e não privar as raparigas de momentos da sua vida".
Também Sílvia Roque alerta que são necessários alguns cuidados para a utilização de tampões: "Tem que ser ensinado, tem de se falar mais sobre este assunto porque é muito importante que as meninas lavem bem as mãos antes de colocarem um tampão e antes de o retirarem e que saibam a forma correta de os colocarem".
Para isso a médica acredita que "os ginecologistas, mas também as mães, as amigas e as enfermeiras das escolas têm um papel fundamental". "Não vale a pena forçar uma menina a utilizar tampões, mas se estiverem confortáveis com isso, e tiverem as condições de higiene necessárias, não há problema nenhum", reforça, antes de alertar que numa primeira fase, e "enquanto são virgens devem utilizar tampões mais pequenos e mudá-los com muita regularidade, de duas em duas horas".
Ainda assim, Patrícia Lemos reforça que "a intenção é ótima" e que é preciso apenas "limar algumas arestas".
Numa primeira fase, a distribuição está pensada para ser feita de forma prioritária para crianças e jovens em condições de vulnerabilidade social (beneficiárias de ASE e/ou cujas famílias são beneficiárias de RSI), sem que, no entanto, nenhuma criança ou jovem seja impedida de aceder aos produtos, se o desejar, e caso existam produtos excedentes, refere o Direção Geral de Educação.
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