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Testemunhas do MP dizem que SuperNanny põem em causa superior interesse da criança

02 de março de 2018 às 21:07
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O Ministério Público interpôs "uma acção especial de tutela da personalidade" para que o programa SuperNanny não fosse exibido, estando o julgamento a decorrer no Tribunal de Oeiras.

As últimas três testemunhas do Ministério Público no caso SuperNanny, em julgamento no tribunal de Oeiras, referiram que o programa da SIC põe em causa o superior interesse da criança, consagrado numa convenção internacional ratificada por Portugal.

O Ministério Público interpôs "uma acção especial de tutela da personalidade" para que o programa SuperNanny não fosse exibido, estando o julgamento a decorrer no Tribunal de Oeiras.

Esta sexta-feira, na segunda audiência deste julgamento foram ouvidas três das cinco testemunhas arroladas pelo Ministério Público: a psicóloga Rute Agulhas, a presidente do Comité português da Unicef, Regina Tavares da Silva, e a investigadora na área das ciências da educação Cristina Ponte.

Na primeira sessão foi ouvida a presidente da Comissão de Protecção Crianças e Jovens, Rosário Farmhouse e o psicólogo Eduardo Sá, também como testemunhas do Ministério Público.

O programa SuperNanny, entretanto suspenso provisoriamente, ficou envolto em polémica logo após a transmissão do primeiro episódio, emitido pela SIC no dia 14 de Janeiro. No dia seguinte, a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens tomou uma posição contra o programa por considerar que existe um "elevado risco" de este "violar os direitos das crianças, designadamente o direito à sua imagem, à reserva da sua vida privada e à sua intimidade".

Para a presidente do comité português da Unicef, Regina Tavares da Silva, existe neste programa uma exposição "que chamaria de exploração da imagem das crianças, com invasão da privacidade e uma devassa e atentado à sua intimidade", o que é atentatório do superior interesse da criança, consagrada na Convenção dos Direitos das Crianças.

Regina Tavares da Silva considera a exposição negativa, humilhante e degradante e pode prejudicar o futuro das crianças.

"Qualquer um de nós que sem autorização fosse retratado no pior de si próprio e projectada essa imagem no futuro sentiríamos com certeza que isso é uma violência e uma violação de direitos fundamentais", disse, considerando que os pais não são donos das crianças, que têm o direito e dever de as proteger, "mas não podem dispor deles de qualquer maneira".