Sábado – Pense por si

Sessões fotográficas de mudança de casa para guardar "memórias"

Luana Augusto
Luana Augusto 12 de abril de 2025 às 10:00
As mais lidas

Zi Fernandes começou a fotografar famílias em despedida de casas em 2023. Hoje, conta já com mais de 300 clientes. "Ainda hoje adoro ver fotos dos tempos em que era criança e ver como eram os móveis da casa onde vivia".

Zi Fernandes estava em Bali, em 2023, quando percebeu pela primeira vez a importância que a despedida de uma casa pode ter. Na religião hindu, antes de se mudar de casa é necessário pedir permissão aos ancestrais e realizar um ritual de gratidão. Esse momento de despedida, que visa deixar uma boa energia para quem vem depois, foi o que deu à fotógrafa a ideia de trazer parte desse ritual para Portugal.

Zi Fernandes

"Em Bali eles têm um ritual muito bonito para se despedirem das casas, quer seja para as modernizarem ou destruir. Foi aí que comecei a pensar em como gostaria de ter tido essa experiência", começou por dizer à SÁBADO. "Pensei que era importante ter memórias das mudanças ou fotografar o mesmo cenário com a família a aumentar", lembrou. 

Zi Fernandes, nascida no Brasil, mudou-se para Portugal "há quase 10 anos". E desde que trouxe este conceito para o nosso país já registou mais de 300 famílias nas despedidas das suas casa. Uma dessas foi a família da arquiteta Elisabete Machado.

DR

"A ideia surgiu quando ainda estava grávida do meu primeiro filho", começou por dizer à SÁBADO Elisabete. "Queríamos fazer um sessão fotográfica profissional. Foi, então, que fiz uma pesquisa na internet e encontrámos a Zi."

Tudo começou com sessões fotográficas com o primeiro filho, a que se seguiram fotografias com o filho mais novo. Depois veio o registo do batizado e depois as imagens típicas de Natal. Só mais tarde, em 2023, é que Elisabete sugeriu fazer uma sessão fotográfica da mudança de casa.

"Quando a Zi fez a primeira sessão, gostou muito da nossa casa, então, quando mudámos de casa decidimos fazer uma sessão para a despedida da anterior", referiu. "Na altura vi que a Zi tinha feito uma viagem a Bali e que tinha publicado uma história a fazer a cerimónia da despedida da casa para celebrar as memórias e os antepassados e achei aquilo genial. Tocou-me."

Zi Fernandes

Elisabete é agora uma das clientes mais recorrentes de Zi Fernandes. À SÁBADO defende que são estes pequenos momentos que ajudarão os seus filhos a construir memórias acerca do espaço onde um dia viveram.

"Temos crianças muito pequenas, por isso, quando crescerem nem se irão lembrar da casa onde viveram nos primeiros anos. Achamos, por isso, que era giro terem algumas memórias", refere.

Quer seja em Portugal, Espanha ou Turquia, o que Zi Fernandes ambiciona é exatamente isso: captar memórias. A fotógrafa considera até que este momento é terapêutico e capturam as memórias. "As fotografias eternizam as decorações das casas. Ainda hoje adoro ver fotos dos tempos em que era criança e ver como eram os móveis da casa onde vivia".

Artigos Relacionados

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.