"O Papa foi confirmando essa intuição que ficou desde a primeira aparição enquanto Papa com o nome Francisco, esse nome indiciava algo novo. Chegou como um papa cristão, procede como Jesus procedia e é ao mesmo tempo profundamente humano", defendeu o padre Anselmo Borges, autor do livro Francisco: Desafios à Igreja e ao Mundo.
Ao longo do seu pontificado, Francisco tem sido um Papa atento ao mundo que o rodeia. Segundo o jornal Il Sole, o seu pontificado apoia-se mais na exortação Evagelii Gaudium, de 2013, e na encíclica Laudato Si, de 2015.
A família tem sido um dos seus principais temas e tomou decisões polémicas. Com a carta papal Amoris Laetitia (2016), defendeu a readmissão nos sacramentos aos católicos que se voltaram a casar pelo civil. Em 2015, também simplificou os processos de anulamento de matrimónios pela Igreja.
O Papa Francisco também tem enfrentado os escândalos económicos do Vaticano. "Ele sabe que um dos cancros da igreja é a Curia romana onde inclusivamente encontrou muita corrupção. Fez já três discursos em que criticou da maneira mais veemente a Curia romana", indica o padre Borges. Francisco criou o C-9, uma comissão de cardeais para avançar com reformas necessárias. Também levou ao nascimento da Secretaria para a Economia e para os Media.
A primeira viagem do pontificado de Francisco foi a Lampedusa, para enfrentar a tragédia dos refugiados. O Papa apela ao acolhimento e integração destas pessoas, não se tendo coibido ainda de criticar Donald Trump e a sua intenção de construir um muro entre o México e os EUA. No dia 11 de Março, o Papa Francisco lamentou: "O mundo hoje é muito habitado pelo medo. É uma doença antiga… E o medo muitas vezes vira-se contra as pessoas que são estrangeiras, diferentes, pobres, como se fossem o inimigo."
Papa Francisco centralizou as periferias, salienta cardeal patriarca
O cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, considera que o Papa Francisco, eleito há cinco anos, centralizou as periferias, transportando o que fazia em Buenos Aires para o centro de Roma.
"Foi ele próprio que mudou para Roma e para a escala mundial, ampliando-se. O que fazia em Buenos Aires passou a fazê-lo da praça de São Pedro a muitos outros lugares, imprevisíveis até. Centralizou as periferias", referiu Manuel Clemente, numa resposta por escrito à Lusa, sobre as mudanças introduzidos pelo papa, desde a sua eleição.
O Papa Francisco, segundo o cardeal patriarca, alerta "incessantemente para o essencial e em pontos nevrálgicos".
"A justiça como condição para a paz, a salvaguarda da Terra de todos para todos. É em torno de pontos como estes que a união mais urge. Por isso suscita aplausos unânimes nas instâncias internacionais que o convidam ou visitam", afirmou.
O papa, acrescenta Manuel Clemente, tem ainda ocasionado reencontros inter-religiosos e ecuménicos com larga adesão.
"Como se centra no essencial -- o nosso Criador comum quer-nos solidários e fraternos -- ocasiona reencontros, com larga adesão. É essa conjugação de pontos essenciais com a disponibilidade para os procurar em conjunto que faz avançar as coisas, no campo ecuménico (entre cristãos) ou inter-religioso (entre os vários credos)", frisou.