Fernando Vaz transformou o amor pelas viagens e o empreendedorismo no Mr. Bifana, que serve uma versão tradicional da sandes na maior cidade dos Estados Unidos.
Enquanto estudava para ser piloto, Fernando Vaz, hoje com 31 anos, conduzia Tuk-Tuks em Lisboa como sustento. "Vi, com os meus próprios olhos, o crescimento exponencial do mercado americano em Portugal", diz-nos, por telefone: "Em 2019, conduzia três ou quatro famílias americanas o verão inteiro, e depois da pandemia era literalmente todos os dias". Começou a germinar na sua mente uma ideia, inspirada também nos mundiais de futebol de clubes e de seleções, ambos a serem também celebrados na América.
Fernando Vaz divulga bifanas portuguesas em Nova Iorque
O seu percurso não é o mais convencional. Depois de se licenciar em gestão, o amor pela descoberta levou-o a tirar um ano para viajar pelo mundo numa lógica de desperdício zero, "apanhando boleias e dormindo em casa de estranhos", o que fez durante oito meses pela módica quantia de €3.000. "Acabei de atingir a marca de 100 países visitados", revela, e, em consonância com essa paixão, sonhava ser piloto de aviação comercial, frequentando o curso da TAP no Bahrain até que o eclodir da pandemia COVID-19 lhe estragou os planos.
As sandes do Mr. Bifana são inspiradas nas Bifanas do Afonso, de Lisboa
Regressou a Portugal, e como "esperar pela aviação estava difícil", investiu num Tuk-Tuk para trabalhar a tempo inteiro como guia turístico, onde teve pela primeira vez o vislumbre de um projeto gastronómico do outro lado do Atlântico. "Já tinha ido lá bastantes vezes, e sabia que havia uma falta de oferta de gastronomia tradicional portuguesa nos Estados Unidos - está estabelecida na diáspora, mas não no mercado americano nativo", explica, dizendo que se recordava de "estar em Nova Iorque, ver uma roulotte de sandes de presunto e pensar que o bom era ter ali uma roulotte de bifanas".
Em Lisboa, estabeleceu uma parceria com o restaurante Solar dos Presuntos - "fazia publicidade ao restaurante no meu carro e, em troca, deixavam-me guardá-lo na sua garagem todos os dias" - e como, nas suas rotas, passava sempre pelas Bifanas do Afonso, na Rua da Madalena, decidiu um dia levar uma das suas bifanas ao chef, que lhe disse que era capaz de desenvolver "uma receita que ficaria ainda melhor": começaram, em conjunto, a desenvolver o que se tornaria na receita do seu negócio.
As bifanas de Fernando, ao centro, foram desenvolvidas com a ajuda da equipa do Solar dos Presuntos
Dava assim os primeiros passos o Mr. Bifana, com que Fernando diz não haver "qualquer tentativa de adaptar a bifana ao paladar americano, e sim levar um gosto 100% português". Depois de "muita maturação e algum estudo de mercado", entre Nova Iorque e Lisboa, inaugurou um negócio que quer, em breve, tornar-se roulotte, mas que para já depende de pop-ups e caterings nas regiões novaiorquinas de Manhattan e Brooklyn para crescer: já montou estaminés nos bares Time Again e Tradesman e nos eventos Portugal in SoHo e Black Girls Sew.
Para chegar ao sabor original e distintivo, o seu segredo é Newark, cidade do estado da Nova Jérsia com uma substancial diáspora lusa, e em que se baseia para usar "apenas produtos portugueses": o pão, ingrediente essencial para o sabor distintivo da bifana, o porco, que só pode ser ibérico, e mesmo o corte de carne, que só em talhos portugueses, revela, se consegue obter "tão fino". "Cada vez que há um pop-up vamos até Newark buscar a carne, as especiarias e o pão", refere.
O Mr. Bifana faz pop-ups em Nova Iorque em eventos como o Portugal in SoHo
O próximo passo é dar conta dos "trâmites legais", ainda em desenvolvimento para esta se tornar a sua atividade a tempo inteiro. Para já, o feedback, garante, tem sido encorajador: "Os portugueses que provam as nossas bifanas dizem que sabe a casa, e os americanos dizem que é uma explosão de sabores, que nunca tinham provado nada assim".
O português que vende bifanas em Nova Iorque com "gosto 100% português"
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