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Jovem agredido avançou com queixa na PSP

As imagens terão sido captadas há mais de um ano na Figueira da Foz, durante as férias escolares do Verão

O jovem que é agredido num vídeo que se tornou viral nas redes sociais já avançou com uma queixa na PSP da Figueira da Foz. Em comunicado, a polícia indica que a investigação é realizada pela Divisão Policial da PSP da Figueira da Foz em coordenação com o Ministério Público. O jovem deslocou-se às instalações da polícia para formalizar a queixa, tendo confirmado tanto o momento como as circunstâncias do incidente. 

A PSP revelou que o acto de violência ocorreu durante o Verão de 2014, nas férias escolares. 

O vídeo mostra a agressão brutal a um jovem por parte de duas adolescentes. As imagens gravadas na Figueira da Foz começaram a ser partilhadas esta terça-feira, dia 12 de Maio nas redes sociais e estão a gerar grande indignação. No vídeo, duas adolescentes participam numa situação de bullying, ofendendo e esmurrando, à vez, um jovem perante a passividade dos restantes. 

A Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) da Figueira da Foz também vai averiguar o que aconteceu ao jovem. De acordo com a presidente da CPCJ, Sandra Lopes, ouvida pela agência Lusa, a instituição "não tinha conhecimento desta situação e só a conheceu depois de divulgado o vídeo. Vamos averiguar o que aconteceu. Recebemos depois da divulgação do vídeo várias participações, mas faríamos uma averiguação mesmo que isso não tivesse acontecido".

Contactada pelo CM, a PSP não confirmou a existência, até ao momento, de qualquer queixa relacionada com esta situação.

As imagens já foram vistas por mais de um milhão e 200 mil pessoas. Vários internautas reclamam a intervenção das autoridades judiciais e da PSP.

Apesar de ter sido agora divulgado, o vídeo terá sido filmado há cerca de um ano, não numa escola mas na via pública, junto a um complexo residencial do chamado Bairro Novo, zona turística da cidade.

O que acontece no vídeo 

No filme, o agredido começa por levar dois estalos dados por uma rapariga, hoje com 15 anos e a principal agressora. Outra rapariga aproxima-se e, incentivada pelas amigas, dá três estalos ao jovem, mas depois recusa continuar e afasta-se, a rir.

O jovem, que ao longo do vídeo quase nunca reage, aparece junto a uma parede, com os braços caídos, mãos atrás das costas. É depois novamente agredido pela primeira rapariga com mais um estalo. A agressora diz: "Isto é força, isto é força? Queres ver com mais força?" e dá um murro e mais seis estalos ao rapaz enquanto as amigas riem.

Ouve-se a voz de outro rapaz que ordena: "Dá-lhe mais". A agressora responde: "Já dei". Mas o rapaz insiste: "Mas dá-lhe mais". A segunda rapariga regressa e aplica uma sucessão de sete estaladas à vítima, com a mão esquerda.

Em alguns momentos, as agressões cessam, quando passa alguém na rua. A principal agressora reaparece e dá 10 estaladas seguidas à vítima enquanto as amigas continuam a rir.

"A mim não me apetece estar à chapada, apetece-me estar à porrada, sabes porquê? Porque tu meteste-me nojo", afirma. O rapaz questiona o porquê das agressões, alega que não fez nada e quem responde é o rapaz que se mantém quase sempre fora do plano da imagem: "Metes-te com ela, metes-te comigo", diz.

Até aos oito minutos do filme, a vítima - que tem desde a noite de terça-feira uma comunidade de apoio no Facebook, com mais de 3 mil apoiantes - volta a ser alvo da principal agressora, com oito murros, antes de se agarrar à cara e queixar-se de um dente.

Depois, leva dois murros no peito e esboça, pela primeira vez, uma reacção de defesa. A rapariga ordena: "Tira a mão daí", dá-lhe uma joelhada nos genitais e pede ao rapaz que até então se tinha mantido fora da imagem para lhe agarrar as mãos. Manietado pelo outro jovem, a vítima é novamente agredida pela rapariga com um murro e um estalo e responde "Estejam quietos".

Já no final do vídeo, o jovem recebe um copo de água da agressora, que, a certa altura, parece preocupar-se com o rapaz: fala com ele, numa conversa inaudível mas, chamada pelas amigas, despede-se com um forte murro.

Os envolvidos nas agressões, alunos de vários estabelecimentos de ensino da Figueira da Foz, distrito de Coimbra, foram, na sequência da divulgação do vídeo, quase de imediato identificados no Facebook e alvo de insultos. Parte deles apagou as suas páginas nesta rede social.