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Igreja Católica. Mais de 400 mil crianças em Espanha terão sido abusadas sexualmente

Relatório foi apresentado na segunda-feira por uma comissão independente. Provedor de Justiça espanhol apela agora à criação de um fundo monetário para reparar danos causados às vítimas.

Estima-se que desde 1940 mais de 400 mil crianças terão sido abusadas por pessoas ligadas à igreja católica espanhola. O número que foi avançado na segunda-feira, surge agora como resultado de uma sondagem, levada a cabo por uma comissão independente.

REUTERS/Juan Medina

De acordo com o relatório, em mais de 8.000 adultos entrevistados, cerca de 1,13% afirmou ter sido abusado sexualmente, ainda em criança, por parte de leigos da igreja, ou seja, fieis que pelo batismo e confirmação ficam integrados na comunidade cristã. Traduzindo este número para o total da população (39 milhões), equivale a 400 mil pessoas.

A percentagem diminui para 0,6%, o equivalente a 200 mil pessoas, quando se trata de abusos cometidos por membros do clero, disse oProvedor de Justiça espanhol,Ángel Gabilondo, enquanto apresentava as conclusões do relatório, durante uma conferência de imprensa.

O relatório crítica a atitude da Igreja, ao classificar a sua resposta aos casos de abuso infantil, que envolvem o clero, como "insuficiente". Recomendando a criação de um fundo estatal para pagar qualquer dano que tenha sido causado a estas vítimas.

Em junho deste ano, a Igreja espanhola já havia anunciado a descoberta de 927 casos de abuso infantil, através de um portal da queixa lançado ainda em 2020. Os números vieram assim contrariar aqueles que já haviam sido apresentados peloEl País. Em 2018, o jornal diário espanhol relatava a descoberta de 2.206 vítimas e 1.036 abusadores desde 1927.

Em Espanha, só agora é que as alegações de abusos sexuais estão a ganhar força, no entanto, o primeiro grande escândalo internacional de abusos sexuais de menores no seio da Igreja Católica aconteceu em 2002, quando o jornal americanoBoston Globerevelou que não só, haveria padres abusadores há décadas, como a hierarquia tentou esconder esses casos.

"Infelizmente, durante muitos anos houve um certo desejo de negar os abusos ou de esconder ou proteger os abusadores", disse Ángel Gabilondo.

Em Portugal, um relatório levado a cabo por uma comissão independenterevelou que mais de 4.800 criançashaviam abusadas sexualmente desde 1950. Existindo agora uma nova comissão que continua a reunir casos e a trabalhar o apoio psicológico das vítimas. Através de um estudo, a Alemanha encontrou 3.677 casos entre 1946 e 2014. Em França, os números sobem para 216 mil desde 1950, sendo que a maioria das vítimas era do sexo masculino.

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