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"Estes parasitas estavam a pedi-las": o que diz o caderno de Luigi Mangione

Suspeito da morte do CEO da seguradora UnitedHealthcare foi detido com material em que detalhava o seu crime. As provas contra o jovem avolumam-se e o seu advogado teme que o cliente não tenha um julgamento justo.

"O que fazes? Eliminas o CEO na anual convenção parasítica de burocratas. É direcionado, preciso, e não coloca inocentes em risco." Estas palavras foram encontradas no bloco de notas de Luigi Mangione, o principal suspeito da morte do diretor executivo da empresa de seguros de saúde norte-americana UnitedHealthcare.

Luigi Mangione
Luigi Mangione AP/Benjamin B. Braun

O bloco de notas estava com o jovem de 26 anos no momento em que este foi detido. É o principal suspeito da morte de Brian Thompson, CEO da UnitedHealthcare, ocorrida a 4 de dezembro em Nova Iorque.

Mangione foi detido segunda-feira, dia 10, após a denúncia de um empregado do McDonald's em Pensilvânia alertado por um cliente que o reconheceu. 

Além disso, na plataforma Substack, o jornalista norte-americano Ken Klippenstein divulgou a carta escrita pelo suspeito às autoridades. "Afirmo que não estava a trabalhar com ninguém. Isto foi bastante trivial: alguma engenharia social elementar, CAD básico, muita paciência. O caderno em espiral, se o tiverem, tem algumas notas irregulares e listas de tarefas que esclarecem a essência do ato". Luigi Mangione escreve ainda: "Francamente, estes parasitas estavam a pedi-las", antes de explicar o seu raciocinio: "Os EUA têm o sistema de saúde mais caro do mundo e, no entanto, ocupamos a 42ª posição em termos de esperança média de vida. A United é a maior empresa [indecifrável] dos EUA em termos de capitalização bolsista, atrás da Apple, do Google e do Walmart. Tem crescido e crescido, mas e a nossa esperança média de vida? Não, a realidade é que estes [indecifrável] simplesmente se tornaram demasiado poderosos e continuam a abusar do nosso país para obterem imensos lucros, porque o público americano lhes permitiu que se safassem".

O suspeito foi encontrado com uma arma de fogo caseira, um supressor, cartões de identificação falsos assim como um cartão de identificação com o seu nome verdadeiro. A polícia conseguiu corresponder as impressões digitais de Mangione às de uma garrafa de água e uma embalagem de uma barra energética, ambas recuperadas perto do local do crime. As impressões digitais de Mangione também estavam em três cartuchos de bala no local do crime. 

Numa conta do Reddit, o jovem descreveu uma série de problemas de saúde que alteraram a sua vida, especificamente dores de costas que se agravaram até a realização de uma cirurgia em 2023. A única referência que faz a seguros de saúde, durante vários anos de publicações, é em relação a um episódio em que a Blue Cross Blue Shield tinha coberto os seus testes para a Síndrome do Intestino Irritável. 

Nos últimos seis meses, Luigi Mangione tinha deixado de falar com a sua família e amigos. A sua mãe deu-o como desaparecido junto da polícia em novembro. 

Luigi Mangione vai contestar a sua extradição para Nova Iorque, o que pode demorar meses. "Temos que ver as provas", afirmou o seu advogado, Thomas Dickey, que diz estar preocupado com a capacidade de Mangione ter um julgamento justo devido à exposição mediática. 

O suspeito afirmou que a sua detenção era "um insulto à inteligência do povo norte-americano e da sua experiência vivida". 

As autoridades estão preocupadas com a possibilidade de o homicídio de Brian Thompson gerar outros atos de violência semelhantes. Em Nova Iorque, surgiram cartazes com as imagens de CEO onde se lê "procurado". Num deles, aparecia a cara do CEO da UnitedHealthcare com uma cruz por cima. 

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