Os pais deste milénio são mais preocupados, mas é difícil pôr de lado a educação que receberam sobre como se deve comportar uma menina e como deve agir um rapaz. Falar abertamente com os filhos é meio caminho andado para crescerem jovens felizes.
Depois do êxito de Adolescência, série britânica da Netflix, os pais de adolescentes ficaram ainda mais assustados. Qual o segredo para educar raparigas com boa autoestima que não se deixem humilhar e educar rapazes fortes que não vejam uma ameaça quando uma rapariga quer liderar?
Primeiro há que entender em que ponto estamos. Os cérebros de rapazes e raparigas têm uma biologia diferente. "O sexo feminino é tendencialmente mais emotivo e protector, quanto o sexo masculino pensa de forma mais competitiva", explica a psicóloga de crianças e adolescentes, Ana Durão. Mas estas características são depois estimuladas através da educação e da cultura. "As meninas são elogiadas por serem bonitas e simpáticas, já os rapazes são incentivados a controlar e dominar", acrescenta.
Existe até mesmo maior tolerância social para os rapazes quando estes se portem mal do que para as raparigas. "E os miúdos que são mais sensíveis, educados são acusados de serem efeminados. Dizem-lhes: ‘não devias deixar que ela mande em ti", diz Ana Durão.
Os pais desta geração estão mais atentos às questões de identidade de género, mas ainda não conseguiram libertar-se do que lhes foi incutido em crianças. "A verdade é que há raparigas que podem ser líderes e rapazes que não o querem ser e isto deve ser respeitado pelos pais", assegura a psicóloga.
Raparigas líderes
São "as princesas" e "as bonecas" dos pais, mas os elogios não se podem ficar por aqui. "É preciso elogiar as meninas pela liderança, pelo esforço que demonstram, pela sua criatividade e não apenas dizer que estão bonitas", diz Ana Durão.
A própria fase do ‘não’, entre os 2 e os 4 anos de idade, em que meninos e meninas descobrem que também têm vontade e testam os limites impostos pelos pais, deve ser vivida com maior liberdade pelas raparigas. "Faz parte do desenvolvimento saudável das crianças, mas nas raparigas não se permite tanto o ‘não’", explica a psicóloga. "É como se as meninas não pudessem ser desobedientes", acrescenta.
Rapazes que choram
A ideia dos "rapazes não choram" ainda perdura. "Claro que podem e devem chorar, é bom mostrar as emoções", assegura Ana Durão. O mais importante é educar meninas e meninos sem os estereótipos de género.
E os pais querem muito chegar aí e estão a aprender. "Cada vez tenho mais consultas de aconselhamento parental", confirma Ana Durão. "Os pais não se sentem seguros no modelo educativo que receberam e não sabem que modelo aplicar: têm medo de colocar limites ou de dar liberdade a mais."
Chave para adolescentes tranquilos
Parte do segredo para um relacionamento forte entre pais e filhos está na comunicação. "Os miúdos devem poder partilhar as suas experiências com os pais sem que estes lhes digam se o que fizeram está certo ou errado", diz a psicóloga. A ideia é fazê-los refletir. "Achas bem aquilo que o teu namorado te pediu?", por exemplo. Até as notícias de violência na escola ou violência no namoro que surgem na televisão devem ser alvo de um diálogo. "Perguntar-lhes o que fariam naquela situação. Esta reflexão leva a uma maior aprendizagem", salienta Ana Durão.
Mas os pais são muito rápidos a julgar os comportamentos e decisões dos filhos, levando os adolescentes a partilharem pouco aquilo que vivem. "Isso gera insegurança nos pais que reagem com um nível de controlo exagerado: controlam os filhos pelo GPS, sabem quanto dinheiro gastaram e o que comeram pelo cartão escolar, controlam as redes sociais", enumera a psicóloga. O controlo tem um resultado: os filhos afastam-se cada vez mais dos pais.
Os castigos são também responsáveis por criar barreiras entre pais e filhos. "Agora resolve-se qualquer coisa com o tirar o telemóvel: é o mais fácil e não funciona. Cria um distanciamento, os filhos deixam de confiar aos pais os seus problemas com receio de ficarem sem aquilo que gostam."
Os comportamentos errados devem ter antes consequências. "Estas têm de estar diretamente associadas ao comportamento negativo", diz Ana Durão. Numa mentira, pode começar por perguntar-lhes qual o nível de gravidade do comportamento. "Isto ensina a auto-responsabilização", acrescenta a psicóloga. Depois pode pedir-lhe qual seria a consequência adequada: pedir desculpa, por exemplo. "As crianças fazem uma auto-reflexão e uma auto-avaliação e não sentem medo de contar que erraram."
Mais: "Com a consequência não está em jogo quem manda mais, mas quem sabe mais."
Ter tempo para os filhos
Se quer adolescentes autónomos, com boa auto-estima que respeitem o outro há que o ser também. "As crianças replicam o que aprendem em casa: os filhos não vão bater e humilhar se não virem isso em casa ou em ambientes ou pessoas que valorizem, como os influencers", considera Ana Durão.
Isto acontece quando os pais estão pouco presentes. "Os pais têm de ser os primeiros a quem os filhos recorrem quando têm um problema, se não estão disponíveis - ou porque estão eles próprios nas redes sociais ou estão demasiado cansados - é possível que os filhos se liguem a influencers que podem ser indivíduos tóxicos." A psicóloga resume a tarefa numa frase: "Educar é um ato contínuo de presença, comunicação e afinação."
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