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Cabeleireiros e barbearias: “O nosso sector tem impacto na saúde mental”

Juntamente com as escolas, os cabeleireiros e barbearias foram dos poucos sectores a reabrir num primeira fase. Regras de higiene e segurança apertadas são um dos motivos.

Miguel Garcia, presidente da Associação Portuguesa de Barbearias e Cabeleiros e Institutos de Beleza, refere que estava à espera que o sector fosse incluído nesta primeira fase de desconfinamento. Revela que em janeiro tiveram de fechar, mas assim que a situação pandémica ficou mais controlada tinham "todas as condições de segurança e higiene para reabrir."

Em declarações à SÁBADO começa por elencar todos os cuidados necessários: distanciamento entre clientes, esterilização dos utensílios, desinfeção das bancadas, profissionais e clientes sempre de máscara e sempre por marcação prévia. Mas vais mais longe: "O nosso setor é diferente dos outros negócios porque tem enorme relevância social em termos económicos, de bem-estar e de saúde mental das pessoas." Miguel Garcia refere ainda que depois da reabertura, após o primeiro confinamento, "não houve contágio em cabeleireiros".

Cabeleireiros - Covid-19
Cabeleireiros - Covid-19 Reuters

O presidente refere ainda que ouve muitas pessoas que se interrogavam sobre o motivo de estarem encerrados em janeiro. "Aliás, um estudo de mercado revelou que 85% das pessoas sentiam total segurança a ir ao cabeleireiro." Além das questões de saúde mental e bem-estar, Miguel Garcia refere que não estamos apenas a falar de imagem. "Há questões mais complicadas, como os tratamentos de pédicure. Por exemplo, idosos com problemas de unhas, alguns que não conseguem cortar as unhas por ser idosos."

Quanto às notícias de profissionais que, durante o confinamento, foram fazer trabalho ao domicílio, Miguel Garcia reforça que isso era totalmente ilegal. "Mas sinceramente teve muito pouca expressão no sector."

Recuperação a tempo?

Quanto aos apoios do governo enquanto estiveram fechados, o presidente da Associação Portuguesa de Barbearias e Cabeleiros e Institutos de Beleza, diz que foram "manifestamente insuficientes."

Quanto às consequências deste segundo confinamento, ainda não conhecem o impacto. "No primeiro desconfinamento 20% não reabriu. Nesta fase temos conhecimento de muita gente que não vai aguentar e não vai conseguir reativar. Mas ainda não conhecemos a dimensão das consequências de estar parado dois meses. Uma coisa é certa: foi nefasta para o setor."

Contudo, não deixa de sublinhar a responsabilidade acrescida por serem dos poucos sectores a reabri. "O governo deu-nos a possibilidade de reabrir, mas temos que manter todos os cuidados higiénicos e de proteção. Sabemos que na Europa já há países com um aumento de casos e fala-se muito na quarta vaga. Todo o cuidado é pouco." Como reage perante uma hipótese de voltar a ter de fechar? "Nem quero pensar nisso. Todos nós profissionais vamos ter todo o cuidado para não haver retrocesso."

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