Aproveitam-se todos m2 para habitação, incluindo os dos estabelecimentos comerciais em Lisboa e no Porto. Histórias de quem não se importa de viver junto à montra, com preços mais convidativos
Antes era um talho, agora é um T0: a moda das lojas-casa
Fecha-se a loja de décadas e abre-se uma nova oportunidade de negócio numa pacata esquina da freguesia da Penha de França, em Lisboa. As portadas verdes reluzentes são agora motivo de falatório entre vizinhos. E quem tenta espreitar lá para dentro dá com o nariz na porta, ou é surpreendido por Fernanda Petter. Porque viver numa montra tem destas coisas. "As pessoas passam e olham bastante para ver no que se transformou", relata a moradora. Outros analisam, à distância de uns metros, o antes e depois do rés do chão com o Tejo ao fundo.
Numa tarde de sol, alguns veteranos do bairro partilham com a SÁBADO teorias sobre o assunto. Amadeu, de 80 anos, dá um palpite: "O encerramento da loja foi uma surpresa… até para a gente. Acho que a venda a fiado o prejudicou." Antigamente era o Talho do Rui, um entre vários nas proximidades, assinalado com letras garrafais brancas e número de telefone fixo num toldo vermelho. "Faz muita falta", lamenta a moradora de 37 anos, Sofia. "Vale mais assim do que vazio", contrapõe o pragmático Viriato, de 83 anos.
As antigas vitrinas com carnes , agora cobertas por vidros espelhados, estão irreconhecíveis. A zona destinada à balança, junto à porta de serviço, e onde tantas vezes o proprietário almoçou à pressa, recebe a mesa de refeições. De um lado tem as janelas rasgadas, do outro a kitchenette onde nada falta (da placa elétrica, ao exaustor e ao frigorífico de encastre).
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