Sabe o que dizem os emojis utilizados pelos jovens e o que deve fazer se os encontrar?
A PSP lançou um alerta aos pais sobre as combinações de emojis utilizadas pelos jovens, assim como os seus significados em conversas de teor sexual e relacionadas com drogas. Fenómeno ganhou visibilidade depois de ser retratado na série "Adolescência".
A utilização de emojis entre jovens em conversas de relações íntimas ou drogas foi recentemente um tema retratado na série da Netflix, Adolescência, que chama a atenção aos perigos ocultos das redes sociais nas crianças e jovens. Em resposta à onda de preocupação e debate lançada pela série, a Polícia de Segurança Pública (PSP) publicou nas suas redes sociais um alerta aos pais sobre o duplo significado da utilização destes ícones, que à primeira vista podem parecer símbolos inocentes.
"A PSP alerta para o duplo significado de alguns emojis nas conversas mantidas entre jovens, e para os riscos que podem estar associados aos mesmos, especialmente quando estes símbolos são utilizados no âmbito de conversas de cariz sexual ou relacionadas com o consumo/tráfico de drogas", diz a publicação, explicando que em certas situações a utilização deste tipo de vocabulário incompreensível aos adultos, pode estar ligados a casos de grooming ou tráfico e consumo de drogas. "Esteja atento! Proteja os seus filhos!", conclui.
Melanie Tavares, do Instituto de Apoio à Criança (IAC), explica à SÁBADO o que os pais devem fazer se os seus filhos estiverem numa situação deste género. A psicóloga acredita que além de estarem atentos aos emojis, os pais devem "estar atentos ao contexto" em que são utilizados estes ícones. Devem tentar perceber o contexto e os agentes das conversas: "Se têm comunicação com pessoas estranhas, quem são os amigos das redes sociais". Porém, a coordenadora do IAC admite que "é difícil controlar a partir de uma determinada idade com quem estão a falar sem implicar uma intrusão na esfera mais íntima", o que, diz, ser "legítimo, se for para os proteger".
Além de que existe "uma quantidade de comportamentos que nos podem indicar algum comportamento de risco", como por exemplo, "se está mais isolado, se tem mais tempo de ausência da família, se passa mais tempo a falar nas redes sociais, se tem um comportamento mais agressivo ou se não faz as refeições nas rotinas", ao fim ao cabo, se há uma "alteração no padrão da rotina da criança" no contexto familiar, aponta Melanie Tavares. A nível da agressividade é importante ter em conta "a irritabilidade" porque indica que algo não está a correr como planeado. Ao se confrontarem com este género de comportamentos, é importante que os pais tentem entender o que se está a passar "através do diálogo, e depois ir em busca das respostas".
No entanto, cada situação é "única" e exige uma abordagem diferente. "Depende do nível a que está a situação, se a situação envolve adultos, se já são situações que sejam compatíveis com crime, não é só o tentar ajudar o jovem, é também denunciar a situação e pedir ajuda às autoridades" explica Melanie Tavares. Se for só entre jovens é importante "conversar, tentar perceber o que se passa, se vamos a tempo de parar ou pedir ajuda profissional, a um psicólogo". Em certos casos é importante também "envolver a escola" e tentar perceber "a alteração do comportamento e atitudes no contexto de sala de aula", envolvendo também "os pais dos outros jovens".
O mais importante é "começar pelo diálogo, e tentar perceber o máximo possível", como quem são "os envolvidos, e a amplitude que tem". Depois, "de acordo com isso até podemos conseguir organizar as coisas e restaurar o equilíbrio com a relação familiar", caso contrário "é pedir ajuda profissional, a um psicólogo". Se se tratar de um caso grave como grooming, o envolvimento e diálogo contínuo com um adulto, os pais devem "pedir ajuda e recorrer às autoridades", sem se excluir "a ajuda profissional de saúde mental".
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