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Portugal nega discurso anti-imigração

03 de julho de 2018 às 08:00
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O ministro dos Negócios Estrangeiros recusa o discurso anti-imigração que "nunca teve uma expressão significativa no país".

O chefe da diplomacia portuguesa afastou hoje a possibilidade de crescimento de "preconceitos anti-imigração", afirmando que os portugueses reconhecem os "benefícios" das migrações, após o ministro do Interior italiano ter proposto uma união de partidos de extrema-direita europeus, incluindo Portugal.

Augusto Santos Silva
Augusto Santos Silva
Augusto Santos Silva
Augusto Santos Silva

"Não vejo nenhuma razão para que Portugal possa ser objecto de uma disseminação indesejável de preconceitos anti-imigração", disse hoje à Lusa Augusto Santos Silva, falando à margem do Encontro Ciência 2018, que decorre em Lisboa até quarta-feira.

O líder do partido nacionalista de extrema-direita Liga, Matteo Salvini, afirmou este domingo que, depois de alcançado o objectivo de integrar o Governo em Itália, quer criar uma Liga nacionalista europeia em 2019, incluindo Portugal.

"Portugal tem tido um padrão de comportamento do sistema partidário muito estável e bastante bom no que diz respeito a esta questão. Os preconceitos anti-imigração nunca tiveram uma expressão significativa no país e não creio que venham a ter", comentou Santos Silva.

O ministro dos Negócios Estrangeiros acentuou experiências positivas dos emigrantes portugueses e no acolhimento de imigrantes no país.

"Portugal é um país treinado historicamente na emigração, capaz de perceber os benefícios que traz a todos", disse, apontando que as comunidades portuguesas no estrangeiro têm "um excelente padrão de integração nas sociedades que as acolhem, sem perder a sua vinculação identitária" ao país de origem.

Além disso, referiu, Portugal assistiu nas últimas décadas ao aumento da imigração, "com a vinda em força de imigrantes de países tão diferentes como a Ucrânia ou o Brasil, a Roménia ou Cabo Verde, e essas comunidades também manifestaram um padrão de integração na nossa sociedade muito bom".

"Penso numa Liga de Ligas na Europa, que una todos os movimentos livres, orgulhosos e soberanos que querem defender a sua população, as suas fronteiras, as suas fábricas e o bem-estar dos seus filhos", disse Matteo Salvini, perante apoiantes num encontro anual do partido, Liga.

"Só se as ideias da Liga chegarem a França, Alemanha, Espanha, Polónia, Áustria, Hungria, Dinamarca ou Portugal, esta Europa terá a esperança de existir", afirmou.

Salvini prosseguiu afirmando que a vitória em Itália foi "só o princípio" de uma corrida que pretende levar a um "nível continental" a partir de 2019, quando se realizam eleições para o Parlamento Europeu.

Essas eleições, prometeu, serão um "referendo à elite, aos bancos, ao mundo da finança, à imigração e à segurança no emprego".

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.