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O Almoço do Trolha leiloado por 350 mil euros

Obra de Júlio Pomar que marca o neo-realismo português foi arrematada por um comprador incógnito

O Almoço do Trolha, pintura icónica do neo-realismo português da autoria de Júlio Pomar, de 89 anos, foi arrematado por 350 mil euros a um comprador anónimo. A mesma peça ultrapassou o valor recorde de um quadro vendido pelo Palácio do Correio Velho - que pertencia a "O Serão", de Columbano Bordalo Pinheiro, óleo sobre madeira de 1880, leiloado por €309 255 euros em 2001.

Com uma base de licitação de 300 mil euros, o quadro foi disputado por dois compradores. 

Os 350 mil euros de licitação final são um recorde para o próprio artista - até então a sua obra mais valiosa, vendida num leilão, tinha atingido os 180 mil euros.

Esta é uma das 23 obras criadas por Júlio Pomar que vão ser leiloadas até quinta-feira, oito delas originais e 15 obras gráficas da colecção de Maria José Salvador e Manuel Torres, falecido este ano. 

A obra O Almoço do Trolha foi exposta inacabada em 1947, na segunda Exposição Geral de Artes Plásticas da Sociedade Nacional de Belas Artes, enquanto Júlio Pomar, na altura com 21 anos, se encontrava preso no Forte de Caxias, e só seria terminada em 1950.

O quadro revela uma cena familiar, em que um trabalhador da construção civil come um modesto almoço junto da mulher e do filho.

Depois de o leilão ter sido anunciado, a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) deu início a um processo de classificação do quadro - algo que poderá demorar até um ano a estar concluído. Segundo a leiloeira, trata-se da primeira vez que que é classificada a obra de um artista vivo. Com este processo a obra fica impossibilitada de sair do País, embora possa ser vendida.