Na Casa Acreditar, as crianças, os jovens e as suas famílias não pagam nada. Além de terem um quarto com uma casa de banho privativa, têm uma cozinha comum, salas de estar e uma lavandaria.
Quase 1.700 famílias de crianças com cancro que tiveram de deixar a sua residência para acompanhar os tratamentos oncológicos dos filhos encontraram um lar e apoio na Casa Acreditar de Lisboa, que faz esta quinta-feira 18 anos.
Situada junto ao Instituto Português de Oncologia (IPO), a Casa Acreditar de Lisboa abriu as portas às famílias e crianças com cancro em 01 de abril de 2002, tendo sido a primeira das três casas residenciais criadas também em Coimbra e no Porto, às quais se juntam um centro de dia no Funchal.
Desde então, já acolheu 1.695 famílias. Em 2020, recebeu 42 famílias, segundo a Acreditar - Associação de Pais e Amigos das Crianças com Cancro.
"Foi com enorme emoção que a primeira família entrou na Casa. Vinha de longe, o futuro era incerto e já tinha percorrido as pensões da Rua Professor Lima Basto e esgotado o capital de esperança", recordou a diretora-geral da Acreditar.
Margarida Cruz contou à Lusa que as crianças vinham para tratamento para os hospitais de referência, a grande maioria para o IPO de Lisboa, onde são tratados cerca de metade de todos os casos diagnosticados, e muitos pais não tinham onde ficar enquanto a criança estava em tratamento em ambulatório.
Os pais que fundaram a Acreditar em 1994 começaram a detetar que havia muitas famílias que ficavam alojadas, sobretudo, em pensões e noutros locais onde as crianças ficavam, às vezes, meses a fio num quarto com muito poucas condições com os pais, havendo também relatos dessa altura de pais que chegavam a dormir dentro de carros à porta do hospital.
"Foi com base nessa realidade tão dura que os pais que estavam na Acreditar resolveram, à semelhança do que já acontecia noutros países, criar uma casa de acolhimento para estas crianças enquanto estavam no tratamento e as suas famílias", contou Margarida Cruz.
Na Casa Acreditar, as crianças, os jovens e as suas famílias não pagam nada. Além de terem um quarto com uma casa de banho privativa, têm uma cozinha comum, salas de estar e uma lavandaria.
Têm também o apoio emocional que precisam para que "os tratamentos possam ser um bocadinho menos dolorosos e a vida destas famílias ser também bocadinho mais facilitada".
A permanência nas casas varia muito, dependendo da origem das famílias. Se vierem de uma região do continente ficam "uma média de 30 e poucos dias seguidos" se vierem dos Açores e da Madeira podem ficar cerca de um ano.
"Depois temos as famílias dos PALOP e dos países com os quais Portugal tem acordos de cooperação cuja estadia média ronda os três anos", referiu.
Segundo Margarida Cruz, a pandemia veio adiar a obra de alargamento da casa, que neste momento tem capacidade para 12 famílias em simultâneo e com o edifício cedido pela Câmara de Lisboa vai ser possível acolher mais 20 famílias.
"Estamos a ver se as coisas ficam mais tranquilas para podermos avançar, porque é muito necessária, mas tem que ser feita com segurança", declarou.
Fazendo um balanço destes 18 anos, Margarida Cruz disse que a Casa de Lisboa passou a ser "um refúgio de segurança, um local onde os miúdos e os graúdos recuperavam da dureza dos tratamentos, das esperas, das angústias tendo sempre à sua espera um voluntário sorridente, uma cozinha para preparar refeições, uma sala para brincar, um mimo em dias especiais".
"São 18 anos com tantas histórias que se cruzam e que nos permitem recordar, rir e chorar", rematou.
Casa Acreditar de Lisboa acolheu em 18 anos quase 1.700 famílias de crianças com cancro
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