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Bielorrússia condena quatro jornalistas a pesadas penas de prisão

Em causa estão acusações de traição e formação de grupos extremistas mas profissionais dizem tratar-se de questões meramente políticas. No país, há mais 30 outros jornalistas que estão detidos, a aguardar julgamento ou a cumprir sentenças.

Um tribunal bielorrusso sentenciou esta sexta-feira quatro jornalistas da maior agência noticiosa do país a penas pesadas, com base em acusações vistas geralmente como motivadas politicamente.

REUTERS

Quatro repórteres daagência BelaPANforam sentenciados a penas entre quatro a 14 anos de prisão, com as acusações a incluírem traição e formação de grupos extremistas, segundo a Associação de Jornalistas Bielorrussos.

ABelaPANfoi ilegalizada, por extremismo, em agosto de 2021. A agência noticiosa, fundada em 1991, cobriu extensamente os protestos, que decorreram ao longo de meses, na Bielorrússia depois de os dirigentes eleitorais terem entreguei ao presidente Alexander Lukashenko um sexto mandato, depois das eleições presidenciais de 2020, consideradas pelo Ocidente como fraudulentas.

Os quatro jornalistas foram julgados à porta fechada no tribunal regional de Minsk. Estavam detidos em custódia há mais de um ano.

Andrei Aliaksandrau foi sentenciado a 14 anos, enquanto a sua esposa, Iryna Zlobina, foi objeto de uma pena de nove anos, por recolher donativos para ajudar os seus camaradas jornalistas detidos a pagarem multas.

Dzmitry Navazhylau, por seu lado, foi condenado a seis anos e a editora-chefe daBelaPAN, Iryna Leushyna, a quatro, sob a acusação de formar e liderar um grupo extremista.

A Associação de Jornalistas Bielorrussos considerou que "as penas de prisão extensas não são mais do que vingança sobre ostaff pela sua honestidade, o seu trabalho e as suas posições".

As autoridades bielorrussas reprimiram duramente as manifestações, a maior das quais contou com mais de 200 mil pessoas, detendo e agredindo milhares de pessoas. Mais de 35 mil pessoas foram detidas.

"Pela primeira vez, os jornalistas tiveram de trabalhar com coletes à prova de bala, porque foram disparadas balas de borracha e granadas ofensivas contra eles", afirmou Leushyna, nas suas declarações finais, divulgadas pelos advogados de defesa. "Considero-me inocente e orgulhosa pelo facto de durante muitos anos ter trabalhado com uma grande equipa e sido a sua editora".

Os jornalistas independentes foram os primeiros a sofrer a repressão governamental. Muitos foram ou detidos pelos serviços de segurança ou exilaram-se. Mais de 30 estão atualmente detidos, ou a aguardar julgamento ou a cumprir sentenças.

Lukashenko conseguiu manter-se no poder apesar das sanções ocidentais, apoiado pelo presidente russo, Vladimir Putin, seu principal aliado e apoiante. O Kremlin usou o território bielorrusso para lançar a sua invasão da Ucrânia, em fevereiro.

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