Secções
Entrar

Enfermeiros garantem que não foram ouvidos sobre alterações à lei das ordens profissionais

13 de outubro de 2021 às 20:12

Segundo a Ordem dos Enfermeiros, as únicas barreiras de acesso ao exercício da profissão "são impostas pelo próprio Governo, ao deixar emigrar, todos os anos, mais de metade dos recém-licenciados".

A Ordem dos Enfermeiros garantiu esta quarta-feira não ter sido convidada a pronunciar-se em relação aos projetos de lei sobre as ordens profissionais que estão no Parlamento e recusou "qualquer barreira limitadora" no acesso à profissão.

"A Ordem dos Enfermeiros (OE) não foi convidada a emitir qualquer pronúncia sobre os projetos de lei" do PS, do PAN e da IL e e "não tem qualquer barreira limitadora de acesso ao exercício da profissão", adiantou a instituição liderada por Ana Rita Cavaco.

Segundo a OE, as únicas barreiras de acesso ao exercício da profissão "são impostas pelo próprio Governo, ao deixar emigrar, todos os anos, mais de metade dos recém-licenciados".

"As ordens profissionais são as únicas instituições com poderes delegados pelo Estado verdadeiramente livres e democráticas existentes no país", assegurou ainda a OE, ao avançar que a alteração desta lei-quadro "não é mais do que uma tentativa do Governo de limitar o poder das ordens profissionais e de silenciá-las".

De acordo com a OE, no caso desta classe profissional, dada a especificidade científica e técnica que está diretamente relacionada com a segurança na prestação dos cuidados de saúde, "não há lugar a curiosos externos que possam interferir em questões tão específicas".

Na Assembleia da República, o PSD acusou esta quarta-feira o PS de querer governamentalizar as ordens profissionais pela "porta lateral", através do processo de nomeação da figura do provedor do cliente, que pretende tornar obrigatória, com o Governo a recusar qualquer ingerência.

No debate sobre os projetos de lei do PS, PAN, IL e deputada não inscrita Cristina Rodrigues, a deputada do PSD Emília Cerqueira considerou que o PS pretende "governamentalizar pela porta lateral" as ordens profissionais, referindo-se ao processo de nomeação da figura do provedor do cliente, que já está prevista pela lei, mas que o PS pretende tornar obrigatória.

Em resposta, a deputada socialista Constança Urbano de Sousa – que, na intervenção inicial, tinha afirmado que "nada nas medidas" apresentadas no projeto de lei "coloca em causa o autogoverno e a autonomia funcional das ordens" – reconheceu que "há muitas destas normas que podem ser melhoradas e negociadas na especialidade".

"Mas, se ler bem, o provedor do destinatário de serviços é escolhido e tem que ter idoneidade, se quisermos, e perfil para defender os consumidores. (…) Quem é que pode atestar neste país que alguém tem idoneidade e perfil para defender consumidores? É autoridade – que não é o Governo – que, em Portugal, é competente e que está acima de qualquer Governo para a defesa do consumidor", salientou Urbano de Sousa.

Também o Governo, intervindo no debate pela voz do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Tiago Antunes, recusou a ideia de que o projeto de lei "se destina a controlar as ordens profissionais ou a permitir a ingerência do Governo na sua atividade".

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela