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Casos de emergência na saúde mental têm aumentado nos mais jovens

Lusa 10 de outubro de 2024 às 07:31

Diretora do Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise alerta para a faixa etária entre os 11 e os 16 anos: "Somos o fim de linha e o ideal é que não cheguem aqui."

As Unidades Móveis de Intervenção Psicológica de Emergência do INEM têm registado um aumento de casos que envolvem jovens, uma situação que os responsáveis dizem consolidar as preocupações sobre os efeitos negativos da pandemia.

"Na verdade, aquilo que assistimos é uma consolidação dos sinais de preocupação que tínhamos no ano passado", disse à Lusa Sónia Cunha, diretora do Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC), um serviço do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) que garante apoio psicológico às chamadas telefónicas recebidas nos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU).

Este serviço funciona 24 horas/dia e, sempre que necessário, desloca equipas aos locais através das UMIPE, que entre janeiro e setembro deste ano registaram 918 intervenções, abrangendo 2.391 pessoas.

Mais de 360 situações dizem respeito a incidentes críticos (casos com potencial traumático como, por exemplo, assistir a um acidente de trabalho) e 212 a comportamentos suicidários, mais 54 do que no mesmo período do ano passado.

Em declarações à Lusa, Sónia Cunha destacou a preocupação particular com as franjas da população - os mais novos e os mais velhos -- mas, sobretudo, com faixa etária entre os 11 e os 16 anos, lembrando a importância do reforço do envolvimento da comunidade escolar e do apoio de saúde mental nos cuidados de saúde primários.

A responsável insistiu na necessidade de investir na prevenção e lembrou que as UMIPE funcionam como "uma porta de entrada de pedidos de ajuda de situações que já escalaram".

"Somos o fim de linha e o ideal é que não cheguem aqui", reconheceu, chamando a atenção para não se falar apenas na saúde mental, mas aplicar no terreno medidas urgentes de prevenção da doença mental.

É igualmente importante não desvalorizar os sintomas e sinais de necessidade de ajuda, alertou, sublinhando: "Continua ainda a existir muita resistência a assumir-se a saúde mental como algo valioso".

Reconheceu que ainda há estigma quanto a esta matéria e insistiu: "Precisamos de continuar a trabalhar na desmistificação da saúde mental como algo menor ou como algo de fragilidade humana".

Os dados do INEM indicam que nos primeiros nove meses do ano o CAPIC/CODU registou 5.444 intervenções/chamadas (menos do que no ano passado), mas as saídas das UMIPE aumentaram, passando de 716 para 918 no mesmo período.

O comportamento suicidário é o mais relevante nos contactos para o CAPIC/CODU (2.219 de janeiro a setembro deste ano), seguindo-se a alteração emocional ou do comportamento (1.916).

Sónia Cunha destacou igualmente o reforço dos psicólogos das UMIPE, que são agora quatro equipas completas, num total de 31 psicólogos.

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