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Autárquicas: João Ferreira (CDU) apela ao voto dos descontentes em Lisboa

12 de abril de 2021 às 21:08

João Ferreira vai deixar de ser eurodeputado para se dedicar à campanha autárquica. "Existem justas razões para o descontentamento de muitos dos que vivem em Lisboa", afirmou.

O candidato da CDU à câmara de Lisboa, João Ferreira, apelou hoje aos eleitores que não deixem "confinar" o seu descontentamento e recusou a lógica da bipolarização entre o PS e o PSD nas eleições autárquicas do outono.

"Existem justas razões para o descontentamento de muitos dos que vivem em Lisboa. Mais ainda para o descontentamento de muitos que deixaram de o poder fazer. É importante que esse descontentamento se traduza numa vontade de mudança", afirmou João Ferreira, na apresentação da sua candidatura do PCP e Verdes, no largo José Saramago, em Lisboa, ao ar livre, e que por pouco escapou a uma chuvada.

Na sessão, em que participou o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, o candidato insistiu que "é importante não deixar o descontentamento aprisionado numa encenada bipolarização" para as autárquicas na capital, "a que alguns recorrem para confinar as escolhas dos cidadãos", de forma a garantir que "ou nada muda, ou o que muda é para pior".

Num discurso longo, de mais de 30 minutos, João Ferreira, que vai deixar se ser eurodeputado para se dedicar à campanha autárquica, fez um balanço do trabalho dos autarcas da CDU, e criticou PS, PSD e, mais indiretamente, o Bloco de Esquerda, que faz "maioria" com os socialistas na câmara da capital.

Sem nunca referir o nome de Carlos Moedas, o ex-secretário de Estado no Governo de Passos Coelho que agora se candidata em Lisboa pelo PSD e CDS-PP, João Ferreira citou "alguns que aí aparecem a prometer novos tempos, saídos do baú das velhas políticas que Lisboa já conheceu e a que não quer voltar".

"São os mesmos que projetaram no quotidiano dos lisboetas a dureza da agressão da tróica, os que destruíram os transportes públicos em Lisboa e os entregaram à privatização, os que se opuseram ao passe social intermodal, os que fizeram e aplicaram a lei dos despejos, os que sempre se opuseram a qualquer regulação do turismo e do alojamento local, os que acham que o mercado tudo resolve", exemplificou.

E foi nesta parte que incluiu o balanço das propostas dos comunistas, tanto a nível nacional, durante o Governo chefiado pelo PS em que houve um acordo parlamentar à esquerda, como municipal.

Apesar da "oposição do PSD, do CDS e sucedâneos, foi possível concretizar uma proposta da CDU de há muitos anos", ou seja, "o passe social intermodal, abarcando toda a área metropolitana, todos os operadores de transporte, substancialmente mais barato", disse.

"Foi uma conquista de extraordinária importância, do ponto de vista económico, social e ambiental", sintetizou.

A seguir, a nível municipal, deu o exemplo da proposta dos vereadores da CDU para aprovar, na Câmara de Lisboa, a "criação de um Programa Municipal de Arrendamento a Custos Acessíveis (o PACA)" com vista a reabilitar "o património municipal disperso e na sua disponibilização, através da criação de uma bolsa de arrendamento a preços acessíveis, a par da reserva e mobilização de terrenos municipais com aptidão para fins habitacionais", apesar de ainda estar "marcar passo".

Indiretamente, o Bloco de Esquerda, que tem vereador, também foi visado, com o candidato da CDU a sublinhar que "a maioria PS-BE" na câmara "teve ao seu dispor os mais elevados orçamentos de sempre, bem acima dos mil milhões de euros no universo consolidado da Câmara e das empresas municipais".

E, no entanto, esta "maioria PS-BE continuou a recusar as propostas da CDU para a gestão pública das refeições escolares, melhorando a qualidade dessas refeições e as condições dos trabalhadores que as confecionam, mantendo a opção pela entrega a privados deste serviço", acrescentou.

Nas autárquicas mais recentes para a Câmara de Lisboa, em 2017, obteve 9,55% dos votos (24.110) e dois vereadores.

Nesse ano, o PS manteve a liderança da autarquia, com a lista encabeçada pelo socialista Fernando Medina a conquistar oito mandatos, insuficientes, porém, para assegurar a maioria absoluta.

O PS fez, por isso, um acordo de governação com o BE, que detém pelouros. O executivo é ainda composto por quatro vereadores do CDS-PP e dois do PSD, além dos dois eleitos pela CDU.

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