Moção aprovada pede que a administração reveja a sua posição.
Estruturas representativas de trabalhadores da RTP contestam a decisão de Portugal se manter no Festival Eurovisão da Canção, em que estará Israel, e consideram que a RTP deve rever a sua posição e não participar na próxima edição.
Trabalhaodres consideram que a RTP deve rever a sua posiçãoAP
A tomada de posição de várias estruturas representativas dos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, foi lida na sexta-feira no plenário de trabalhadores da RTP convocado a propósito da greve geral de dia 11.
Aí, é condenada "a decisão da UER [União Europeia de Radiodifusão] de manter Israel no Festival Eurovisão da Canção de 2026, apesar da continuação das ações militares em Gaza e das graves violações de direitos humanos amplamente denunciadas pela comunidade internacional".
Os trabalhadores da RTP consideram que "manter a KAN [a televisão pública israelita] no certame contribui para a legitimação e normalização de um Estado acusado de crimes de guerra" e dizem ser "incompreensível que a RTP tenha confirmado a participação de Portugal e apoiado a aprovação das novas regras que, na prática, mantêm Israel --- e a KAN --- na competição".
A moção pede que a administração reveja a sua posição, considerando que a empresa pública de rádio e televisão tem de se afirmar, "sem ambiguidades, como serviço público comprometido com a ética, a coerência e os direitos humanos".
"Os trabalhadores da RTP instam o Conselho de Administração a reavaliar urgentemente a sua posição e a pronunciar-se publicamente contra a participação de Israel em 2026", lê-se na tomada de posição, que será enviada à administração da RTP, liderada por Nicolau Santos.
Esta tomada de posição foi tornada pública no plenário de trabalhadores da RTP de sexta-feira e é assinada pelas listas A e B que concorreram à Comissão de Trabalhadores, pela Subcomissão de Trabalhadores do Porto e por vários sindicatos (Sindicato dos Jornalistas, Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações, Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e do Audiovisual, Sindicato dos Meios Audiovisuais, Sindicato Independente dos Trabalhadores da Informação e Comunicações).
Na assembleia-geral da UER de quinta-feira foi decidido que Israel poderá participar no Festival Eurovisão da Canção 2026. Em seguida, Espanha, Irlanda, Países Baixos e Eslovénia anunciaram o boicote ao festival.
O músico Salvador Sobral, vencedor da Eurovisão em 2017, criticou esta sexta-feira a decisão da RTP de participar na próxima edição do Festival Eurovisão da Canção, tendo afirmado que soube disso durante o concerto 'Juntos por Gaza', em Lisboa, em que participou e que será transmitido na RTP.
"A RTP, o canal do Estado, decidiu participar na Eurovisão mesmo com a participação de Israel. Aquela expressão dar uma no cravo e outra ferradura nunca teve tanto sentido como ontem à noite. A televisão nacional transmite um concerto por Gaza e ao mesmo tempo tem medo de fazer a coisa certa", afirmou o músico num vídeo partilhado na sexta-feira na rede social Instagram.
Para Salvador Sobra, trata-se de um exemplo de "cobardia política, (...) coerente com a cobardia institucional, das instituições públicas".
"Deixa-me triste porque é uma questão simplesmente humana e é óbvia a decisão que tem de se tomar", acrescentou.
Segundo Salvador Sobral, a RTP deveria manter o Festival da Canção, mas o vencedor não iria à Eurovisão e seria premiado de outra forma.
O Festival Eurovisão da Canção é organizado pela UER, fundada em 1950, em cooperação com operadores públicos de mais de 35 países, entre os quais a Rádio e Televisão de Portugal (RTP).
O 70.º Festival da Eurovisão da Canção acontecerá em maio de 2026, em Viena (Áustria).
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O centrismo tem sido proclamado por diversas personalidades que não têm a mais pálida ideia do que fazer ao país. É uma espécie de prêt-à-porter para gente sem cultura política e, pior que isso, sem convicções ou rumo definido.
Legitimada a sua culpa, estará Sócrates tranquilo para, se for preciso, fugir do país e instalar-se num Emirado (onde poderá ser vizinho de Isabel dos Santos, outra injustiçada foragida) ou no Brasil, onde o amigo Lula é sensível a teses de cabalas judiciais.