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Suinicultores deixam Lisboa em marcha lenta pela A1

Constrangimentos no trânsito, confrontos com a polícia, uma tentativa de invasão da Segunda Circular e a surpresa do ministro da Agricultura. Este é o balanço do protesto dos suinicultores em Lisboa, que segue pela A1

Eram 21h40 quando os suinicultores que protestaram, esta sexta-feira em Lisboa, começaram a desmobilizar da manifestação com a promessa de que a luta pelo sector vai continuar. Cerca da meia-noite, os produtores de suínos bloqueavam a A1, onde andavam em marcha lenta e cortavam duas faixas. No local, membros das associações revelaram, à TVI24, que a polícia estava a identificar os condutores e a tirar matrículas.

Duas horas antes, perante os suinicultores, concentrados na Avenida Santos e Castro, na Alta de Lisboa, Vitor Menino, presidente da Federação Portuguesa das Associações de Suinicultores, sublinhou que "o sector da suinicultura demonstrou hoje união, coesão e determinação para atingir o objectivo que é servir o país, os trabalhadores e todos aqueles que dependem deste setor".

De acordo com este responsável, dependem deste setor cerca de 200 mil portugueses, que apenas querem "trabalhar, produzir e contribuir para a sustentabilidade de Portugal". Este responsável lamentou a posição do Ministério da Agricultura, que não quis receber os representantes do sector da suinicultura, demonstrando que as muitas centenas de milhões de euros que este sector produz "não são importantes para o governo, nem para o país".

Antes destas declarações, o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, assegurou que não tivera conhecimento prévio da manifestação, nem do pedido de audiência. Além disso, apesar de compreender que o problema na suinicultura tem levado ao "desespero" de muitos produtores, recordou que se trata de uma crise de mercado que impede o Governo de decidir. "É uma questão da lei de oferta e da procura, e todos sabemos por que razão é que os preços estão baixos, é porque há um excedente de oferta fruto de várias circunstâncias em que avultam dificuldades de alguns mercados para onde a Europa tradicionalmente exportava, à cabeça dos quais está o mercado russo", disse em conferência de imprensa.

Cerca de 300 camiões de suinicultores do país inteiro deslocaram-se para a capital para protestarem em frente ao Ministério da Agricultura, pedindo ajuda para um sector que dizem estar "à beira do colapso". Alguns ainda chegaram ao Terreiro do Paço, mas outros – em marcha lenta e às voltas pela cidade - tentavam bloquear a cidade foram levados para a zona da Alta de Lisboa.

Já perto das 20h00 viveram-se momentos de tensão. Segundo relatos da CMtv, os problemas começaram quando alguns dos camionistas tentaram atravessar a Segunda Circular junto ao aeroporto. A polícia reagiu e enviou para o local uma brigada de intervenção rápida. À mesma estação, alguns camionistas queixaram-se que tinham sido agredidos. Além disso, diziam também que não tinham tido autorização para deixar a zona da Alta de Lisboa. Pouco tempo depois, o comandante da divisão de trânsito João Amaral negou que os camionistas tivessem sido encurralados e garantiu que apenas se esperava que estivessem reunidas as condições para a PSP escoltar os camiões até à A1. 

 

Por volta das 21h00, a situação não sofrera alterações e muitos camionistas continuavam à espera da ordem de partida, tendo sido reforçada a presença policial. À SIC Notícias, um dos camionistas disse que o seu pai fora para o Hospital de Santa Maria com problemas na vista, depois de ter sido atingido com gás pimenta. Segundo a Lusa, o comandante da divisão de trânsito João Amaral dirigiu-se junto do suinicultor que se queixou da agressão, lamentou e pediu desculpa pelo sucedido, assegurando que iria averiguar as circunstâncias do que aconteceu e chamar à responsabilidade o elemento policial responsável por este ato.

 

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