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Só este ano já foram avistados pelo menos oito navios russos em Portugal. Marinha remete-se ao silêncio

Dois dos navios são suspeitos de transportarem armas, enquanto um outro é capaz de destruir cabos submarinos. À SÁBADO a Marinha não esclareceu se houve um aumento no número de avistamentos.

O avistamento de navios russos ao largo da costa portuguesa, combinado com os drones que têm sido detetados em vários países-membros da NATO, têm dado que falar nas últimas semanas. Só este ano, já foram avistados pelo menos oito navios russos em Portugal, fazendo uma análise das notícias. No entanto, à SÁBADO a Marinha não esclarece quantas missões de acompanhamento já foram realizadas este ano, nem confirma um aumento no número de avistamentos. Até à data de publicação do artigo, o Ministério da Defesa Nacional também não se pronunciou sobre o assunto.

Navios russos avistados em Portugal
Navios russos avistados em Portugal MARINHA

"A Marinha não tem qualquer comentário, uma vez que a informação relativa à passagem de navios da Federação Russa ao longo da nossa costa é de natureza reservada", esclareceu a Marinha num e-mail enviado à SÁBADO.

Navio "histórico" detetado em Sagres

O caso mais recente aconteceu a 21 de setembro, quando cinco tripulantes de um navio russo "histórico" foram apanhados junto ao porto da Baleeira, em Sagres. Apesar do "TS Shtandart" circular, desde o final do ano passado, com as bandeiras das ilhas Cook, o navio, que conta com cerca de 35 metros, foi construído em São Petersburgo.

Navio-escola russo detetado em Portugal
Navio-escola russo detetado em Portugal Força Aérea Portuguesa

Anteriormente, esta embarcação já havia sido impedida de entrar em vários portos portugueses como no Douro, Aveiro, Cascais e Lisboa, como parte de uma lista de sanções colocadas pela União Europeia à Rússia. Ainda assim, o armador do "TS Shtandart", Vladimir Martus, negou qualquer ligação com os russos, em .

"O veleiro 'TS Shtandart' não é um 'navio russo', não pertence à Federação Russa. Desde 1999 é operado por uma organização privada sem fins lucrativos e, desde 2009, encontra-se fora das águas e mares da Federação Russa. Desde 2024 não mantém qualquer vínculo jurídico com a Rússia. O navio não está sob jurisdição russa, é gerido e operado por um residente da União Europeia e arvorando uma bandeira diferente."

"Adler" suspeito de transportar armas

No final de agosto, foi detetado um outro navio russo à deriva ao largo de Portugal, desta vez suspeito de transportar armas.

“Entre 27 de agosto e 2 de setembro, o navio mercante ‘Adler’, pertencente à NB Shiping Company Limited e com registo na Federação Russa, transitou ao longo da Zona Económica Exclusiva de Portugal Continental, de norte para sul", confirmou a Marinha ao .

À semelhança do que aconteceu com o "TS Shtandart", o "Adler" - um cargueiro especializado no transporte de automóveis - encontra-se sob sanções internacionais e está proibído de atracar em portos europeus. Acredita-se que terá entregado mísseis à China e armas à Líbia e transportado munições para a guerra na Ucrânia.

Submarino transportava mísseis com alcance de 2.500 km

A 28 de abril, a Marinha e a Força Aérea portuguesa iniciaram um acompanhamento de dois dias do submarino russo "Krasnodar", que costuma transportar torpedos e mísseis Kalibr com um alcance máximo de 2.500 km. Segundo o , este seguia acompanhado pelo navio "Evgeniy Churov", também da Federação Russa. Ambos tiveram de ser acompanhados pelas autoridades portuguesas desde o Algarve até ao largo de Viana do Castelo.

O navio-espião capaz de destruir cabos submarinos

Navio russo detetado em Portugal
Navio russo detetado em Portugal Força Aérea Portuguesa

Já em janeiro, o "Yantar", um navio-espião russo capaz de destruir cabos e oleodutos submarinos, passou ao largo de Portugal, avançou o . Segundo o jornal, o trabalho do "Yantar" é detetar e mapear infraestruturas submarinas da NATO, como cabos no Báltico e no mar do Norte. Além de ter sido acompanhado por navios da Marinha e um aeronave da Força Aérea, foi também vigiado por um contratorpedeiro dos Estados Unidos.  

Mais dois navios avistados em janeiro

Nesse mesmo mês, a 18 de janeiro, a Força Aérea detetou um da Federação Russa na Zona Económica Exclusiva portuguesa. Já a três de janeiro foi avistado um , que seguia em direção ao Cabo Finisterra, Espanha.

Navio russo avistado em Portugal a 18 de janeiro
Navio russo avistado em Portugal a 18 de janeiro Força Aérea Portuguesa

Escalar de missões de acompanhamento geram preocupação

Só entre 2022 e 2024, a Marinha portuguesa acompanhou 143 navios russos ao largo da costa, sendo que 31 destes estariam a executar tarefas de espionagem. Estes números levaram o Chefe do Estado-Maior da Armada, Nobre de Sousa, a considerar, em entrevista ao jornal Público, que se estava a observar uma esclada no número de missões de acompanhamento em águas portuguesas.

“Portugal é responsável por uma parte importante da fronteira ocidental da Europa no Atlântico. Sabemos que até a Rússia tem navios que atravessam o Atlântico e as nossas águas soberanas à procura de infraestruturas como cabos subaquáticos”, disse no início deste ano o ministro das Finanças, Miranda Sarmento, , ao sublinhar que o avistamento destes navios gera uma grande preocupação, uma vez que alguns dados são transmitidos através dos cabos submarinos.

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