Sábado – Pense por si

Serviço Militar Obrigatório: ministro da Defesa quer carreira militar mais atractiva

04 de setembro de 2018 às 15:27
As mais lidas

O ministro da Defesa sustentou que “não está no horizonte próximo” qualquer discussão sobre a reintrodução do Serviço Militar Obrigatório.

O ministro da Defesa sustentou hoje que "não está no horizonte próximo" qualquer discussão sobre a reintrodução do Serviço Militar Obrigatório e adiantou que o Governo deverá aprovar na quinta-feira medidas para reforçar a atratividade da carreira militar.

"O que eu afirmei é que não está no horizonte próximo, na minha opinião, qualquer discussão substantiva sobre a reintrodução do Serviço Militar Obrigatório (SMO), seja numa forma hoje arcaica que é aquela que ilumina normalmente os espíritos críticos de um sistema pós colonial, quer em formas mais recentes que têm vindo a ser discutidas noutros países", declarou.

O ministro Azeredo Lopes respondia a uma pergunta do presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, o socialista Alberto Mesquita, durante um debate sobre a "Política de Segurança e Defesa e o Futuro da Europa", promovido pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, em parceria com a Comissão Europeia e que decorreu em Alverca, nas instalações da OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal.

No debate, em que participou o diretor-adjunto do Centro Europeu de Estratégia Política, ex-ministro da Defesa da Roménia Mihnea Motoc, Alberto Mesquita referiu-se à falta de efetivos nas Forças Armadas, defendendo uma reflexão sobre a "possibilidade" de se reintroduzir o Serviço Militar Obrigatório.

"Desde o início do mandato que eu tenho vindo a afirmar que a questão do SMO não se coloca para o governo que eu integro e não integra o programa do governo", respondeu Azeredo Lopes.

O ministro defendeu que "a menor atratividade da carreira militar tem de ser enfrentada como uma questão de soberania" e adiantou que está agendada para a próxima reunião do Conselho de Ministros, quinta-feira, a discussão de iniciativas legislativas que alteram o regime de incentivos à entrada na carreira e o novo regime de contrato especial, que aumenta de seis para 18 anos, em algumas áreas, o número máximo de anos a contrato nas Forças Armadas.

O novo regime de incentivos, em preparação desde o início do ano, alargará o número de entidades públicas com uma "quota" para o recrutamento de ex-militares e visa maior qualificação, certificação da formação e a integração profissional dos cidadãos que optem pela vida militar.

No debate, Azeredo Lopes argumentou que se referiu à questão do SMO durante uma visita recente às forças portuguesas em missão na Lituânia, país que reintroduziu uma "forma limitada" de conscrição e que "seria estultícia" da parte de "um ministro da Defesa de um governo europeu fingir que essa questão não está a colocar-se noutros países".

Quanto à questão colocada pelo autarca socialista, da menor atratividade das Forças Armadas, Azeredo Lopes disse ainda acreditar que a diminuição dessa atratividade "também está associada a um desleixo".

"Acredito é que a diminuição da atratividade da carreira militar também está associada a um desleixo de que somos responsáveis como cidadãos que resultou de terminar o SMO e, dos processos educativos e formativos, ter desaparecido qualquer referência às Forças Armadas e às forças de segurança. Chega-se à idade adulta sem qualquer contacto", criticou.

Por essa razão, acrescentou, o ministério da Defesa espera ter concluído até ao final do mandato o projeto para a introdução do "Referencial da Educação para a Segurança, Defesa e a Paz" nos projetos educativos nos vários níveis de ensino "a nível nacional".

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
No país emerso

Por que sou mandatária de Jorge Pinto

Já muito se refletiu sobre a falta de incentivos para “os bons” irem para a política: as horas são longas, a responsabilidade é imensa, o escrutínio é severo e a remuneração está longe de compensar as dores de cabeça. O cenário é bem mais apelativo para os populistas e para os oportunistas, como está à vista de toda a gente.