Associações alertam que cada vez mais pessoas integradas socialmente são empurradas para a exclusão.
O aumento do preço das casas e a inflação estão a criar um novo tipo de sem-abrigo em Portugal, pessoas integradas socialmente que são empurradas para a exclusão, alertam associações que lidam com este problema e com a pobreza.
"Damos uma volta pela Gare do Oriente, Saldanha, Martim Moniz ou outras ruas de Lisboa (…) e dificilmente encontramos toxicodependentes ou alcoólicos" a viver nas ruas, como era o perfil dos sem-abrigo no passado, disse à Lusa o dirigente da associação Remar Luís Filipe Macedo.
Agora são "pessoas saudáveis que estão a lutar pela vida", acrescentou.
Na véspera da apresentação no parlamento da Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo (ENIPSSA) 2025-2030, o dirigente reconhece que há cada vez mais casos nas ruas.
"Temos notado que a situação dos sem-abrigo não melhora, não diminui. Cada vez há mais pessoas nas ruas, em locais não habituais", disse, dando o exemplo do serviço de refeições da sua associação.
"Saímos sempre com três terrinas de sopa e 250 lanches e damos até acabar, mas muitas pessoas ficam sem receber uma refeição", explicou.
Para Luís Filipe Macedo, "este problema está a aumentar, com um novo perfil, mais emigrantes e mais novos", e "custa ver como algumas pessoas estão a viver nalguns locais de Lisboa".
O responsável apontou o aumento do preço das casas e do custo de vida como os principais fatores para este fenómeno.
"Alguns até poderão ter algum trabalho ou biscate, mas não têm condições para ter casa e ficam a viver em tendas", afirmou o dirigente da Remar.
Por seu turno, Sandra Camara Pestana, responsável da associação Cais, recorda que a vocação da sua associação é acompanhar processos de reinserção, fornecendo lugares para residir e dando apoio na procura de emprego.
Apesar disso, a Cais tem notado que existem mais casos de sem-abrigo e de exclusão social, alguns deles antigos utentes que agora se deparam com problemas económicos.
"As pessoas trabalham para sobreviver" e "vivem num limbo", considerou. "Se um casal fica no desemprego é um horror e a vida fica em suspenso", acrescentou.
"As medidas inflacionistas que estamos a viver, a falta de habitação. Se as pessoas não têm habitação, não tem uma vida estável e sem isso não conseguem um emprego", salientou a dirigente da Cais.
No Porto, a associação apoiava "um casal que ia trabalhar todos os dias e vivia na rua", uma "situação que não é sustentável", exemplificou Sandra Camara Pestana.
Nos casos identificados, a associação Remar tenta "fazer o acolhimento", procurando dar-lhes dormida e outros cuidados de modo a auxiliar na integração.
Mas é preciso que "eles queiram isso", salientou Luís Filipe Macedo.
No final de 2023, o coordenador da Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo (ENIPSSA), Henrique Joaquim, admitiu um aumento do número de pessoas a viver na rua.
Os dados mais recentes, referentes a 2022, indicavam 10.700 pessoas na condição de sem-abrigo em 2022.
O Alentejo, a Área Metropolitana de Lisboa e o Algarve eram as regiões que registavam as proporções mais elevadas, respetivamente 2,13, 1,60 e 1,51 pessoas em situação de sem-abrigo por mil residentes.
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
A escola é um espaço seguro, natural e cientificamente fundamentado para um diálogo sobre a sexualidade, a par de outros temas. E isto é especialmente essencial para milhares de jovens, para quem a escola é o sítio onde encontram a única oportunidade para abordarem múltiplos temas de forma construtiva.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
Até porque os primeiros impulsos enganam. Que o diga o New York Times, obrigado a fazer uma correcção à foto de uma criança subnutrida nos braços da sua mãe. O nome é Mohammed Zakaria al-Mutawaq e, segundo a errata do jornal, nasceu com problemas neurológicos e musculares.