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Portugal, "criem uma unidade militar de emergências"

30 de maio de 2018 às 15:02
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"Por favor, sigam o meu conselho, têm de a criar", defendeu o comandante da Unidade Militar de Emergência de Espanha.

O comandante da Unidade Militar de Emergência (UME) espanhola apelou hoje em Lisboa para que Portugal constitua uma unidade semelhante, defendendo que não teria havido tantos mortos nos incêndios do ano passado.

"Criem uma unidade militar de emergências. Por favor, sigam o meu conselho, têm de a criar", afirmou o tenente-general Miguel Alcañiz Comas, que recusou responder a perguntas sobre custos por considerar que poderia "ferir suscetibilidades".

O militar considerou que uma unidade do tipo da UME, dedicada em exclusivo e em permanência a emergências, teria evitado que os incêndios florestais de 2017 em Portugal provocassem tantos mortos e daria uma resposta mais eficaz a uma situação de terramoto, por exemplo.

O tenente-general respondia a perguntas durante uma conferência intitulada "Forças Armadas e as missões de interesse público", promovida pela comissão parlamentar de Defesa Nacional, na Assembleia da República.

"Entendo que têm uma legislação diferente da nossa e que será necessário adaptar à vossa realidade. Mas, quanto custa uma UME? É muito difícil falar em dinheiro, eu também não sei. Quanto custaram os mortos de Pedrógão, não há preço. Quanto custa retirar 3500 pessoas da neve? É muito barato e eu não vou aprofundar isso para não ferir suscetibilidades", disse.

Com 3500 militares divididos por cinco batalhões e dedicados "permanentemente e em exclusividade" à missão, a UME está certificada para atuar em situações de "emergências gerais", como resgates urbanos, acidentes aéreos, trabalhos subaquáticos, proteção de património, poluição ambiental, inundações.

"Não apagamos apenas fogos", sublinhou, acrescentando que hoje a unidade "tem todo o equipamento necessário" e certifica os militares após dar formação especializada.

No ano anterior, a UME atendeu a 449 ocorrências, das quais 345 foram incêndios, 44 foram inundações e 29 foram "tempestades de inverno". Para além das intervenções em território espanhol, a UME dá apoio a ocorrências noutros países, como foi o caso dos incêndios de Pedrógão Grande, em Portugal.

"As pessoas querem ser ajudadas, temos de estar preparados, nós ajudamos quem nos peça ajuda", disse o militar, considerando que os militares "tem de ser úteis".

"Temos de ser úteis, se não somos multiplicados por zero", disse, dirigindo-se aos militares portugueses presentes na Sala do Senado, na Assembleia da República.

A UME foi criada no ordenamento jurídico espanhol em 2005 e demorou dois anos a planificar, segundo o tenente-general, sublinhando que para cada vaga disponível se candidatam 50 militares, que só podem entrar após cinco anos nas Forças Armadas.

No debate, o deputado do PSD Pedro Roque referiu que em Portugal existe o Regimento Militar de Emergência (RAME), no Exército, mas "falta uma unidade conjunta [dos três ramos] que esteja subordinada ao Estado-Maior General das Forças Armadas".

O deputado admitiu a possibilidade de o grupo parlamentar do PSD reapresentar "em devido tempo" o diploma para a criação de uma unidade do tipo da UME espanhola em Portugal, após o chumbo, a 20 de abril passado, de um projeto de lei nesse sentido.

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