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PCP sozinho na defesa da saída do Acordo Ortográfico

21 de fevereiro de 2018 às 21:03
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PSD, PS, CDS e BE admitem a necessidade de aperfeiçoar o Acordo Ortográfico de 1990.

PSD, PS, CDS e BE demarcaram-se, esta quarta-feira, do projecto de resolução do PCP, que pretende a desvinculação de Portugal do Acordo Ortográfico de 1990, ainda que admitam a necessidade de o aperfeiçoar.

Na defesa do projecto de resolução n.º 1340/XIII/3.ª, que recomenda a saída de Portugal do Acordo Ortográfico (AO) de 1990, a deputada comunista Ana Mesquita foi a única a defender a proposta na Assembleia da República, alegando que o Acordo tende a "transformar-se num atoleiro cujas consequências se desconhecem", além de subsistirem dificuldades na sua aplicação.

Sublinhando que o PCP "não tem 'fixismos' na escrita", Ana Mesquita considerou que a existência do acordo só teria sentido se integrado numa política global da língua e que tal como existe não passa de uma "imposição legislativa desligada da realidade concreta e da comunidade".

Para a deputada, Portugal deve abandonar o Acordo Ortográfico até porque este não passou de "experimentalismo ortográfico sobretudo para os alunos que tiveram de o aplicar".

Ana Mesquita invocou ainda a petição de "Cidadãos contra o Acordo Ortográfico", considerando que o facto de contar com mais de 20 mil assinaturas é elucidativo de que os portugueses dizem não ao AO.

Por seu turno, o deputado social-democrata José Carlos Barros considerou o projecto de resolução do PCP "extemporâneo", sublinhando haver muita coisa a discutir sobre o Acordo.

"É incompreensível e inaceitável" que os ministros da Cultura e da Educação não queiram discutir o relatório da aplicação do Acordo na Comissão de Cultura, frisou o deputado do PSD, alegando que os sociais-democratas não fazem como o PS, que "diz que não se passa nada quando tem um elefante sentado na sala". "O Governo vai continua a fazer de conta que não há nada para discutir quando está um elefante sentado no meio da sala?" questionou.

Também o deputado socialista Diogo Leão considera que a pretensão do PCP não é positiva, uma vez que "os motivos que originaram o Acordo se mantêm actuais".

O deputado centrista Nuno Magalhães defendeu que se aguarde pelo final do trabalho da Comissão de Avaliação de Aplicação do Acordo Ortográfico, e pela elaboração do relatório final, sustentando, porém, a necessidade de o acordo integrar as propostas de melhoria sugeridas pela Academia de Ciências de Lisboa.

Coube ao deputado Jorge Campos defender a posição do Bloco de Esquerda, tendo admitido que os bloquistas reconhecem a existência de problemas no Acordo, mas não se revêem na desvinculação de Portugal. Jorge Campos considerou ainda que o abandono do AO de 1990 acarretaria "riscos, nomeadamente a nível de tratados internacionais e de manuais escolares".

O projecto de resolução dos comunistas é votado na sexta-feira.

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