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Pais de menino colhido por comboio receberão €75 mil

Tribunal Central Administrativo Norte condenaram Refer e uma seguradora pelo acidente, que aconteceu em 2006

O Tribunal Central Administrativo Norte (TCA-N) condenou a Refer e uma seguradora a pagar cerca de 75 mil euros de indemnização aos pais de um menino que morreu colhido por um comboio, em 2006, em Gaia.

No acórdão, a que a agência Lusa teve hoje acesso, o TCA-N diz que a Refer é co-responsável, juntamente com a avó do menor, pelo acidente, na medida em que "não cumpriu as obrigações legais que sobre ela impendiam de promover pela fiscalização e segurança da infraestrutura".

O acidente ocorreu a 26 de Setembro de 2006, cerca das 19:00, na linha do Norte, entre os apeadeiros de Coimbrões e da Madalena.

O menino de cinco anos saiu de casa da avó, sem que esta se tenha apercebido, e foi brincar com um amigo de quatro anos para a linha férrea, tendo para isso transposto um muro que à data se encontrava parcialmente desmoronado.

As duas crianças foram colhidas por um comboio, mas só uma delas teve morte imediata.

Os pais do menino que morreu interpuseram uma acção contra a CP - Comboios de Portugal e a Refer - Rede Ferroviária Nacional (actual Infraestruturas de Portugal) no Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto que absolveu estas duas empresas.

Insatisfeitos com a decisão, os autores recorreram para o TCA-N, que concedeu parcial provimento ao recurso, repartindo as culpas entre a avó do menor e a Refer em 50% para cada um.

No acórdão, os juízes defendem que incumbia à Refer manter o muro em bom estado de conservação, o que esta não fez, tendo essa omissão sido determinante do acesso das crianças à linha férrea".

"Pois, se à data do acidente, o muro estivesse reparado, como veio a suceder posteriormente, as crianças não teriam acesso à via-férrea e, consequentemente, o acidente não teria ocorrido. Assim, também esta omissão de reparação do muro de vedação da linha férrea concorreu, objectivamente, para a eclosão do acidente", lê-se no acórdão.

Após o acidente, mais de uma centena de moradores do Bairro da Bela Vista protestaram junto ao local do acidente, exigindo a colocação de barreiras de segurança no acesso à linha.

Ao tomar conhecimento do facto que deu causa ao acidente, a Refer procedeu a averiguações com vista ao apuramento das circunstâncias em que o mesmo terá ocorrido, tendo sido apurado que os adultos residentes naquele bairro contribuíram para o desmoronamento do muro ao galgá-lo frequentemente para atravessar a via-férrea.

A agência Lusa contactou a Infraestruturas de Portugal (IP), que sucedeu à Refer na gestão da rede ferroviária nacional, mas até agora não foi possível obter uma reacção da empresa.

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