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Ourém: Autarca insolvente pode fazer contratos milionários

Octávio Lousada Oliveira
Octávio Lousada Oliveira 02 de fevereiro de 2017 às 08:25

Paulo Fonseca, presidente da câmara municipal, tem dívidas no valor de 4,6 milhões de euros. Decreto governamental permite-lhe fazer contratações por ajuste directo até 5,1 milhões

Nas palavras de Bárbara Rosa, fundadora do blogueMá Despesa Pública, que denuncia alegados abusos ou utilizações indevidas de dinheiros do Estado, esta é uma daquelas situações em que "se mete a raposa a guardar o galinheiro". O caso a que a jurista se refere é à combinação curiosa que se verifica em Ourém: o presidente da câmara municipal, Paulo Fonseca, foi declarado insolvente - o Tribunal Constitucional recusou o seu último recurso - e, não obstante a possibilidade de perder, por isso, o mandato, tem ao seu dispor um decreto-lei que permite ao município fazer contratos pela via de ajuste directo por valores tão excepcionais quanto o próprio diploma: até 5,186 milhões de euros (ao invés dos 150.000 euros previstos na lei) no caso de empreitadas, e até 207.000 euros (no lugar dos habituais 75.000 euros) pela aquisição de bens e serviços.

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