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Operadores privados de transporte público mudam do centro do Porto para o Dragão

Condicionamentos, motivados em parte pela obra de recuperação do Mercado do Bolhão, vão tirar os autocarros privados e "um total de nove mil passageiros" dos terminais atualmente existentes na rua Alexandre Braga e no Campo 24 de Agosto.

Catorze linhas de operadores privados detransportespúblicos vão a 5 de fevereiro ficar impedidos de entrar no centro do Porto, deixando os passageiros na estação de metro do estádio do Dragão, anunciou a Câmara doPortoesta quarta-feira.

Os condicionamentos, motivados em parte pela obra de recuperação do Mercado do Bolhão, vão tirar os autocarros privados e "um total de nove mil passageiros" dos terminais atualmente existentes na rua Alexandre Braga e no Campo 24 de Agosto, transferindo as paragens para a zona do Dragão, com estacionamento para 840 automóveis e uma estação de metro que funciona "aquém da capacidade", explicou o presidente da autarquia,Rui Moreira, em conferência de imprensa.

"Se não fizéssemos isto, as pessoas iam ficar sentadas dentro dos autocarros e eles não iam mexer. É melhor [as pessoas] chegarem ao Dragão, saírem em condições de conforto para o metro e dai chegarem onde querem. A distância vai ser a mesma e provavelmente vai ser mais rápido", frisou o autarca, explicando que a autarquia apenas "alterou paragens, e não percursos", que os operadores foram "ouvidos" e "os autarcas e a Área Metropolitana do Porto" foram "informados".

A partir de 5 de fevereiro, os autocarros daSTCPcontinuam a parar no Campo 24 de Agosto e os que tinham término em Alexandre Braga, junto ao Mercado do Bolhão, mudam-se para a rua do Bolhão, numa alteração que Moreira diz "não ser muito expectável que fique resolvida durante o próximo ano e meio, dois anos".

A rua Alexandra Braga, que já não tinha trânsito automóvel e onde "chegam a passar 235 autocarros por hora", vai ficar sem transporte público, porque "não implementar a medida implicaria parar as obras do mercado", justificou Rui Moreira.

Segundo o autarca, estima-se que esta empreitada demore "cerca de um ano e meio", mas a intermodalidade é uma "opção de futuro", nomeadamente devido à construção do Terminal Intermodal de Campanhã, na zona oriental da cidade.

Entretanto, a 29 de janeiro começam obras de "cerca de três meses" na rua Fernandes Tomás (requalificação para aumentar passeios e intervenção da Águas do Porto, em toda a extensão, com os trabalhos a avançar por troços), também perto do 'Bolhão', seguindo depois a empreitada para a rua do Bonjardim.

Com a conclusão da recuperação de Fernandes Tomás, os trabalhos seguem para a rua Formosa, aqui devido à empreitada do mercado, devido à construção do túnel técnico e de acesso a cargas e descargas.

Quanto aos operadores privados que passam da rua Alexandre Braga para o Dragão, onde a autarquia investiu "cerca de 200 mil euros" para acolher o transporte público e os passageiros, a vereadora da Mobilidade, Cristina Pimentel, disse estarem em causa a linha V94 da Valpi, com origem em Campo (Valongo), e as linhas 55, 69 e 60 da ETG, com origem em Baguim, Seixo (Gondomar) e Ermesinde (Valongo), respetivamente.

No que diz respeito às linhas das operadoras privadas que se mudam do Campo 24 de Agosto para o Dragão, são as da AE Martins (Modelos), Pacense/Landim (Paços de Ferreira), Valpi (Penafiel) e da ETG (Valongo, Terronhas e Boca da Foz do Sousa).

No Dragão, estas linhas e passageiros terão "abrigos, apoio ao cliente, reforço de sinalética, estacionamento e uma entrada rápida, segura e imediata na rede urbana da STCP e do Metro", meios que poderão usar na deslocação para o centro do Porto.

Sendo operadora exclusiva no Porto, a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) terá "primazia" nestas mudanças, pelo que as alterações nas suas linhas "serão residuais e, nesta fase, são praticamente sem significado", segundo o autarca.

O independente lembrou que a Câmara "vai adotar brevemente medidas duras" para "disciplinar" os "veículos turísticos ocasionais", que chegam a ser 200 na cidade.

Moreira destacou ainda o passe único metropolitano, que o Governo prevê para abril, e o "relançamento do concurso dos percursos assistidos [eventualmente escadas rolantes] de Miragaia", que "ficou deserto".

"Não podemos fazer todo este esforço e deixar que ele fique hipotecado por operadores privados que querem fazer rebatimento no centro do Porto", justificou.

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