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Operação Fizz: Advogado N'Gunu Tiny escuda-se no segredo profissional

20 de março de 2018 às 15:23
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Questionado se a Primagest - empresa com a qual o ex-procurador e arguido Orlando Figueira assinou um contrato para ir trabalhar para Angola - era do universo da Sonangol, a testemunha disse que não sabia

O advogado angolano N'Gunu Tiny, que trabalhou para o Banco Privado Atlântico, escudou-se esta terça-feira ao sigilo profissional para não responder a várias perguntas no julgamento Operação Fizz, no qual depôs como testemunha.

Orlando Figueira, ex-procurador do DCIAP, está acusado dos crimes
Orlando Figueira com a advogada à entrada do Tribunal de Lisboa
O ex-procurador Orlando Figueira, julgado na Operação Fizz
Procurador Orlando Figueira
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Confrontado pelo Ministério Público (MP) e pelos juízes com vários e-mails nos quais se falava da empresa Coba e Primagest - que a acusação defende que faz parte do grupo Sonangol - umas vezes escusou-se a responder alegando sigilo profissional e noutras limitou-se a dizer que o seu cliente era o BPA e nenhuma das empresas.

"Fui consultor jurídico da Sonangol entre 2005 e 2015, fazia trabalhos pontuais, nunca tive contrato e não representei a Sonangol nas negociações com a Coba, Primagest ou Berkeley", disse.

Questionado se a Primagest - empresa com a qual o ex-procurador e arguido Orlando Figueira assinou um contrato para ir trabalhar para Angola - era do universo da Sonangol, a testemunha disse que não sabia. "O meu cliente era o BPA, nunca fui consultor jurídico da Coba nem da Primagest. A minha missão no negócio da venda de acções da Coba era zelar pelo meu cliente", declarou.

Porém, confrontado com um e-mail onde se referia que assinou um contrato em nome da Primagest, a testemunha explicou que foi a pedido do banco, garantindo que não sabia quem eram os representantes legais da empresa.

Questionado porque é que o BPA interveio no contrato promessa compra e venda de acções da Coba o advogado disse não saber. "A Coba é que estava a vender acções ao BPA, não andei a averiguar quem estava a comprar", acrescentou Tiny, insistindo várias vezes que estava a cumprir orientações do banco.

Perante a recusa em responder a questões concretas a procuradora do MP teve o desabafo: "Já se percebeu que o doutor não pode dizer quem estava do outro lado". Tiny disse ainda não conhecer os arguidos Armindo Mendes nem Paulo Blanco.

Na parte da tarde será ouvido o arguido Orlando Figueira, à porta fechada, acusado de ser corrompido pelo ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente, no âmbito do pedido de alteração das medidas de coação, nomeadamente a medida privativa da liberdade.

A Operação Fizz, que tem como arguidos o ex-procurador do Ministério Público, o engenheiro Armindo Pires e o advogado Paulo Blanco, assenta na acusação de que o ex-vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente, corrompeu Orlando Figueira, com o pagamento de 760 mil euros, para que este arquivasse dois inquéritos, um deles o caso da empresa Portmill, relacionado com a aquisição de um imóvel de luxo no Estoril.

Manuel Vicente foi acusado de corrupção activa, mas o seu processo foi separado da 'Operação Fizz' no início do julgamento.

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