Sábado – Pense por si

O político que disse "eu demito-me": Jorge Coelho (1954-2021)

Maria Henrique Espada
Maria Henrique Espada 07 de abril de 2021 às 23:09

Coelhone, bombeiro, todo-o-terreno, todo-poderoso, king-maker, o Jorge: acumulou alcunhas, poder, mas cultivou sempre a proximidade de homem do povo. Em todas as conversas dizia "o meu caro amigo". Fez de tudo: manobras de bastidores e discursos inflamados. Mas numa noite de março de 2001 demitiu-se e esse gesto definiu-lhe a carreira. Morreu esta quarta-feira.

Jorge Coelho tinha tendência para tratar toda a gente por "o meu caro amigo" ou " a minha cara amiga". Era quase uma muleta. Mas era também uma forma de estar. O assunto podia ser desagradável, Coelho mantinha-se afável. No partido, era "o Jorge". Mas a afabilidade pessoal nunca iludiu o poder imenso que teve no PS. E que sabia ter. Manteve, apesar disso, a modéstia – estava sempre ao nível do interlocutor, "o meu caro amigo". Em 2008, quando o jornalista Fernando Esteves o abordou para escrever a sua biografia, Coelho respondeu-lhe : "Uma biografia sobre mim, porque motivo? Não tenho importância para isso, meu caro amigo!" – o episódio vem relatado na introdução da obra, Jorge Coelho o Todo o Poderoso, de 2014.

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