O primeiro-ministro afirmou no programa de Guilherme Geirinhas consumir poucos órgãos de comunicação social - e preferir programa sobre "grandes catástrofes". Já Cavaco Silva criou esse mito sobre si em 1994.
Mais uma semelhança do primeiro-ministro, Luís Montenegro, com Aníbal Cavaco Silva, sua "referência política maior", como o próprio classificou para o livroNa Cabeça de Montenegro, da autoria do jornalista Miguel Santos Carrapatoso. Após tentar emular a estratégia política de ter a intenção de governar "mesmo que não haja convergência", como afirmou Montenegro perante a possibilidade de chumbo de Orçamento — postura de Cavaco Silva em 1985 durante o seu primeiro governo minoritário —, agora o primeiro-ministro inspira-se noutro hábito: não consumir órgãos de comunicação social.
MIGUEL A. LOPES/LUSA
"Agora como deixei de ver notícias e, enfim, os canais mais tradicionais, às vezes faço um zapping e vejo assim, sei lá, um daqueles programas dos acidentes aéreos, das grandes catástrofes", afirmou Luís Montenegro em conversa com o humorista Guilherme Geirinhas para programa "Bom Partido". "E há um canal, não sei porquê paro lá, e que tem aquelas operações policiais norte-americanas e depois o esclarecimento do crime", acrescenta.
Já Aníbal Cavaco Silva, então primeiro-ministro, afirmara o mesmo. "Dedico cinco minutos de manhã e cinco minutos à tarde a ler os jornais, porque tenho muito que trabalhar", afirmou durante a inauguração da Escola Superior de Comunicação Social, em janeiro de 1994.
Continuaria a alimentar esse mito carreira adentro. Quase uma década mais tarde, durante a corrida presidencial em 2011 — que viria a ganhar—, Cavaco Silva disse: "Não sei se as imagens desta maré humana que me tem acompanhado chegam a casa dos portugueses através da comunicação social, ou se estão ou não a ser escondidas. É qualquer coisa que eu não sei, porque não acompanho hoje o dia a dia da comunicação social", dizia Cavaco Silva, durante um jantar-comício com militantes. À saída desse evento, insistiu aos jornalistas: "Não vejo televisão e não leio jornais, há muito tempo", terá dito Cavaco Silva, segundo o Observador.
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