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Mensagens anti-tabágicas devem olhar a diferenças de género

25 de setembro de 2017 às 20:10
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A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna defendeu a necessidade de que as mensagens contra o consumo de tabaco devem ter em conta as diferenças entre homens e mulheres

A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) defendeu hoje que as mensagens contra o consumo de tabaco devem ter em conta as diferenças entre homens e mulheres para aumentar a sua eficácia.

A posição dos especialistas, divulgada em comunicado a propósito do Dia Europeu do Ex-Fumador, que se assinala na terça-feira, surge na sequência dos resultados do IV Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoactivas da População Geral 2016/2017, que apontam um aumento do consumo de tabaco entre as mulheres.

Segundo o relatório promovido pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), o consumo de tabaco apresenta uma subida de prevalência ao longo da vida, que "se deve sobretudo ao aumento do consumo entre as mulheres".

Para o coordenador do Núcleo de Estudos de Doenças Respiratórias da SPMI, Alfredo Martins, estes dados deve merecer atenção nas mensagens anti-tabágicas.

Apesar de considerar que não seja "determinante criar mensagens dirigidas especificamente ao sexo feminino", Alfredo Martins considera ser importante, "para aumentar a sua eficácia, a inclusão de algumas especificidades de sexo (masculino ou feminino) nessas mensagens".

O especialista sublinha que não é por falta de informação sobre os riscos do tabaco que muitos portugueses continuam a fumar.

"Os portugueses estão hoje mais informados sobre os riscos do tabaco para a sua saúde e para a saúde dos outros". Contudo, "esse conhecimento não é suficiente para que tenham "uma consciência plena e duradoura desse risco", sobretudo nos que continuam a fumar.

Para deixar de fumar, a vontade é "o factor mais importante para o sucesso da decisão", mas sozinha não chega.

"Está demonstrado que o aconselhamento dos médicos e de outros membros da equipa de saúde melhoram as taxas de sucesso da cessação tabágica", mas é necessário que a equipa de saúde ajude na definição do plano de cessação em cada caso, dê conselhos práticos e informe e recomende o uso dos fármacos recomendados, ajustados às necessidades específicas de cada caso, defende o especialista.

Um papel que cabe também ao internista, não só nas consultas, mas também "na organização dos serviços" e "na participação ativa em acções de formação e informação sobre consequências do tabagismo e sobretudo sobre o que fazer para deixar de fumar, adianta a SPMI.

Actualmente, o tabaco é a principal causa evitável de doenças não transmissíveis e mata metade dos fumadores, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os mais recentes números da OMS indicam que os cigarros matam mais de sete milhões de pessoas por ano, 583 mil por mês, 19.200 por dia.

Segundo o Inquérito Nacional de Saúde 2014, existem em Portugal cerca de 1,78 milhões de fumadores com 15 ou mais anos. Entre 2005 e 2014, a percentagem de não fumadores aumentou de 16,1 para 21,7%.

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