Sábado – Pense por si

Hospital de São João implanta dispositivo inovador em doentes com Parkinson

21 de janeiro de 2020 às 09:31
As mais lidas

Dispositivo médico regista informação sobre dados cerebrais de doentes com Parkinson e "abre a possibilidade de o tratamento ser mais adaptado" ao estado clínico do doente.

O Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) implantou esta terça-feira um dispositivo médico "inovador" que, ao registar informação sobre dados cerebrais de doentes comParkinson, "abre a possibilidade de o tratamento ser mais adaptado" ao estado clínico do doente.

"A ideia base é ver se somos capazes de evoluir do tratamento da doença para o tratamento do doente", afirmou Rui Vaz, diretor do serviço de Neurocirurgia do CHUSJ e responsável pela equipa que fez, esta manhã, o implante do dispositivo médico "inovador".

Em entrevista à Lusa, o neurocirurgião avançou que este dispositivo, intitulado 'BrainSense', além de ser capaz de "estimular o cérebro, permite também captar informação sobre as ondas cerebrais [ondas beta] que estão relacionadas com os sintomas de Parkinson".

"O tratamento atual é praticamente constante ao longo de todo o dia, quando a doença em si, oscila ao longo do dia. Portanto, este será o primeiro passo para, através dos registos obtidos, adaptarmos o tratamento ao estado clínico do doente durante o dia, com menos tratamento nas fases em que se encontra bem e mais tratamento nas fases em que se encontra mal", explicou.

Segundo Rui Vaz, o estimulador, que foi implantado esta manhã numa mulher com Parkinson, "não difere em nada para o doente", sendo que é até "mais pequeno" do que o dispositivo usualmente utilizado.

"O tamanho da bateria é ligeiramente menor, mas para o doente é tudo igual", garantiu, adiantando, contudo, que a tecnologia é "15% mais cara do que a bateria normal".

"O dispositivo custa 15% mais do que a bateria normal, mas esperamos nós que estes 15% sejam compensados, uma vez que, ao adaptar-se à doença, a bateria dura também mais tempo", sublinhou.

À Lusa, o neurocirurgião adiantou que, neste momento, o neuro estimulador é apenas aplicável a doentes parkinsonianos com síndrome acinética-rígido, isto é, com os movimentos limitados.

"Vamos, prudentemente, ver os resultados que conseguimos. Há uma base científica suficientemente forte, mas a experiência clínica séria está agora a iniciar-se e, enquanto não houver mais evidência sobre as formas tremóricas [síndrome do Parkinson], não o colocaremos", concluiu.

O Centro Hospitalar Universitário de São João foi o terceiro hospital, a nível mundial, a implantar este dispositivo médico, sendo que, até ao momento, apenas dois hospitais alemães também o fizeram.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!

A Rússia continua a querer tudo

Trump esforçou-se por mostrar que era dele o ascendente sobre Putin. Mas o presidente russo é um exímio jogador de xadrez. Esperou, deixou correr, mas antecipou-se ao encontro de Zelensky em Washington e voltou a provar que é ele quem, no fim do dia, leva a melhor. A Rússia continuar a querer tudo na Ucrânia. Conseguirá continuar as consequências dos ataques a refinarias e petrolíferas?