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Hospital de Santa Maria em "sobreesforço" contra covid. "Capacidade está muito próxima do limite"

Leonor Riso
Leonor Riso 16 de janeiro de 2021 às 16:57
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Daniel Ferro, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte, apela à responsabilidade da população: "Em 15 dias, a procura cresceu 70%."

Perante os picos de procura das urgências que se têm registado,o último na noite passada, o Hospital de Santa Maria ultrapassou o plano de contingência que tinha previsto há uma semana. "Não era prevista uma afluência desta ordem", admitiu Daniel Ferro, o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte, em declarações aos jornalistas. 

Ferro avisou que "a adaptação tem limites". "Tiveram que acrescer mais meios, e mobilizar em sobreesforço de estruturas e profissionais", o que só é possível "por um período curto e de forma muito limitada. A solução não pode estar só nos hospitais e nos serviços de saúde. A sociedade tem que ser a primeira a controlar o fenómeno. Não há serviços de saúde que resistam de forma ilimitada. O hospital já está a tratar doentes para além da capacidade que instalou", explica. 

"Isto é um alerta para fenómenos de picos como que aconteceu ontem [à noite] e podem ocorrer nos próximos dias. A capacidade do sistema está próxima, muito próxima do limite. Mas ainda com capacidade de adaptação", informou o administrador. 

Às 210 camas existentes para covid-19, foram acrescidas mais 50 camas - dez delas em unidades de cuidados intensivos. 

"Estamos em situação de sobreesforço, o que é bem visível pelo facto de as cinco unidades de covid que vão ficar em funcionamento, três delas serem novas e foram instaladas em zonas que não eram de cuidados intensivos", adiantou. "É natural que surjam picos, mas estamos no limite. Esperamos que a responsabilidade partilhada com a sociedade permita, num espaço muito curto, aguentar durante duas semanas, para que esta situação fique controlada. Em 15 dias, a procura cresceu 70%. Se crescer mais 80% ou 90%, não há capacidade no sistema. É preciso que a situação estabilize", frisa Daniel Ferro. "O tempo que é preciso para estes doentes é superior, porque têm que fazer testes e estabilizar, e têm que ficar à espera para ver o que acontece."

Na noite passada, "o volume de ambulâncias que chegou foi de tal modo grande que a capacidade da urgência, que já triplicou desde a primeira fase, para picos como o que aconteceu ontem, vamos ter que aumentar a estrutura". "Temos limitações de espaço para colocar ambulâncias. Se tivermos 15 ambulâncias, isso obriga a uma ginástica muito grande."

Porém, Daniel Ferro garante que todos os doentes que chegaram ao Santa Maria "foram tratados ou internados", mesmo em UCI, e que não houve necessidade de transferências. "Numa situação de sobrecarga, por muito que se desmultipliquem os recursos, o que teremos que fazer é mobilizar os recursos disponíveis em todos os serviços, que não têm covid, mas terão que tratar doentes covid", ilustra. Onde os cuidados são adiáveis, adia-se. "Os recursos têm que ser agora mobilizados para situações inadiáveis." Por enquanto, as cirurgias prioritárias estão a ser realizadas em todas as áreas."

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