A reunião inicial aconteceu num refeitório de Lisboa, no meio de uma grande nuvem de fumo. Depois vieram as manifestações. Houve presos, feridos e máquinas de escrever atiradas das janelas
Fundação da CGTP fez-se em ditadura, com manifs, prisões e violência
Vestidos informalmente com calças de fazenda e casacos de cabedal, os sindicalistas tiravam os maços de SG Filtro e de Português Suave dos bolsos para fumar mais um cigarro. Tratavam-se por companheiros e camaradas apesar de nem todos se conhecerem. Tinham recebido uma carta nos respetivos sindicatos para participarem numa reunião "para estudo de alguns aspetos da vida sindical". Catorze (vindos de Lisboa, Coimbra, Porto, Castelo Branco e Viseu) decidiram arriscar.
Chegaram discretamente ao n.º 131 da Rua de São José, em Lisboa, antes das 10h desse 11 de outubro de 1970.
Mais de 20 pessoas ocuparam o refeitório do Sindicato dos Bancários, encerrado naquele dia – era um domingo e o senhor Silva, que habitualmente servia os associados, ficara em casa como de costume. Esperavam por Daniel Cabrita. O presidente do Sindicato dos Bancários de Lisboa explicou que quatro sindicatos (bancários, caixeiros, metalúrgicos e lanifícios de Lisboa) tinham decidido estudar o que podiam fazer em conjunto na defesa dos direitos dos trabalhadores. A convocatória foi enviada a 1 de outubro e é esse mesmo o dia que a CGTP encara como o início formal da organização.
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