As "avarias nos comboios" são o principal causador destas ocorrências, que afetam sobretudo a Linha Azul do metro. À SÁBADO a empresa garante que são feitas manutenções, mas o antigo vereador da mobilidade da Câmara de Lisboa aponta para o contrário. "Por isso é que se tem observado paragens em plena via."
"Linha Azul: existem perturbações na circulação. O tempo de espera pode ser superior ao normal." Era assim que o Metropolitano de Lisboa dava as boas-vindas a 2025, através das redes sociais. Só no mês de janeiro, o metro registou quase 50 perturbações - mais do que uma por dia -, segundo informações da rede de transportes transmitidas àSÁBADO. De avarias nos comboios e nos sistemas de sinalização até à falta de pessoal, foram várias as causas.
"De 1 a 29 de janeiro, foram registadas 49 ocorrências no Metropolitano de Lisboa", respondeu a rede de transportes num e-mail enviado à SÁBADO. "As causas do total de ocorrências havidas nesse período, prendem-se com avarias de comboios (20), motivos alheios (14), avarias no sistema de sinalização (12), faltas de pessoal (2) e falhas de energia (1)."
As avarias no material circulante foram, pelo menos no mês de janeiro, o principal causador destas interrupções que traz impactos para os seus utilizadores. Apesar do metro garantir que estão a ser asseguradas as manutenções necessárias, o antigo vereador da mobilidade da Câmara de Lisboa, Fernando Nunes da Silva, aponta para o contrário.
"Por falta de material circulante e das perturbações, o Metropolitano não está a conseguir fazer manutenções de acordo com o plano estabelecido", explica à SÁBADO. "Não há capacidade para o fazer. Por isso é que se tem observado paragens dos comboios em plena via", sustenta.
Porém, o metro contesta esta informação: "O Metropolitano de Lisboa reitera que a manutenção do material circulante é realizada de forma regular e rigorosa e que os planos de manutenção estabelecidos estão a ser integralmente cumpridos. O Metropolitano de Lisboa mantém um compromisso firme com a segurança e a fiabilidade da sua operação, assegurando todas as intervenções necessárias à operacionalidade do material circulante dentro dos prazos e padrões exigidos."
Haverá falta de investimento?
Questionado sobre como têm combatido os vários problemas, o Metro explica que está em curso, por exemplo, um "investimento no novo sistema de sinalização" - este que é o terceiro causador das perturbações. Explica ainda que as novas funcionalidades trarão "melhorias substâncias à frequência e regularidade da circulação de comboios".
"O processo de instalação do novo sistema de sinalização está a ser realizado de forma faseada nas atuais linhas Azul, Amarela e Verde", começou por anunciar a empresa. "Prevê-se que o sistema, incluindo as funcionalidades CBTC, entre em operação comercial plena no 2º semestre do corrente ano, na Linha Azul."
Ainda no que toca a investimentos, a rede de transportes refere que já estão também "a ser entregues faseadamente o correspondente a 42 carruagens designadas por ML24, bem como outras 108 carruagens designadas ML24". Segundo a rede, "todas elas [são] da última geração tecnológica".
"Estas visam possibilitar o abate faseado do material circulante que se encontrar em fim do seu ciclo de vida", acrescenta o Metropolitano.
Segundo Fernando Nunes da Silva, o principal problema da administração do metro foi ter investido dinheiro "em construção nova", ao invés de ter havido uma "aposta no material circulante". Garante que o Metropolitano sabia desde o "início que [as obras para a construção de linhas circulares] iriam introduzir fortes perturbações na circulação comboios.
Linha Azul tem sido a mais afetada
Em 30 dias, a Linha Azul do metro terá sido a que registou um maior número de perturbações, de acordo com os dados recolhidos pela SÁBADO junto das redes sociais do Metropolitano.
Entre as 27 perturbações contabilizadas pela SÁBADO, registaram-se um total de pelo menos 10 ocorrências na Linha Azul, 9 na Linha Verde e 7 na Linha Amarela, sendo que a Linha Vermelha foi a única que não registou qualquer tipo de interrupção. Embora as perturbações "possam ocorrer ocasionalmente", a rede de transportes garante que estas "não representam" o "novo normal" do metro.
"As avarias são naturalmente objeto de atenção permanente por parte desta empresa", frisa o Metropolitano.
Além disso, a rede defende que "o número de ocorrências registadas (...) encontram-se em linha com a média verificada nos sistemas de metro de referência a nível europeu".
Atualizada às 13h05 com a resposta do Metropolitano sobre a alegada falta de manutenções
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"O afundamento deles não começou no Canal; começou quando deixaram as suas casas. Talvez até tenha começado no dia em que se lhes meteu na cabeça a ideia de que tudo seria melhor noutro lugar, quando começaram a querer supermercados e abonos de família".