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Costa confirma que estrada N236 só foi cortada após 47 mortes

O Governo respondeu às 25 questões levantadas pelo CDS. Executivo relativiza importância das falhas no SIRESP e reassegura confiança na ministra da Administração Interna

O gabinete do primeiro-ministro respondeu às 25 questões levantadas pelo CDS-PP sobre a situação em Pedrógão Grande. O executivo admitiu falhas no SIRESP e revela que a estrada em que morreram 47 pessoas só foi cortada depois das mortes.

"Segundo a GNR, a estrada N236-1 esteve sempre aberta ao trânsito, até haver notícia dos trágicos e imprevisíveis acontecimentos ocorridos na mesma. Só após este momento foi encerrado o acesso à N236-1", especifica um documento disponibilizado no portal do Governo.

O texto refere que, de acordo com as informações dadas pela GNR, "o número de vítimas na EN236-1 foi de 33 (30 num pequeno troço da via e 3 alguns quilómetros adiante). Segundo a mesma fonte, as restantes 14 terão falecido em estradas e caminhos de acesso à EN236-1, para a qual se dirigiriam em fuga do incêndio"

António Costa confirmou a confiança política em Constança Urbano de Sousa, ministra da Administração Interna, depois de a oposição já ter pedido diversas vezes a demissão da mesma. "Cumpre-me informar que o senhor primeiro-ministro reafirma manter a confiança política na senhora ministra da Administração Interna", lê-se a nota.

António Costa
António Costa
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Sobre o SIRESP, o gabinete do primeiro-ministro admite que existiram falhas de comunicação na zona do incêndio de Pedrógão Grande mas classifica-as de "falhas de menor relevância, considerando a área e o horário em que ocorreram".

A Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) admite que houve evacuações necessárias durante o incêndio de Pedrogão Grande mas que "não se conseguiram realizar atempadamente" devido à intensidade do fogo, em oito localidades do concelho.

Esta explicação consta de um documento enviado pelo Governo à presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, após ter sido questionado sobre o incêndio que provocou a morte 64 pessoas e ferimentos em mais de 200.

"Segundo a ANPC, houve evacuações identificadas como necessárias e que não se conseguiram realizar atempadamente, designadamente em Troviscais Fundeiros, Torneira, Casal Valada, Vermelho, Mó, Mosteiro, Várzeas, Vila Facaia e Casalinho, dada a velocidade de propagação do incêndio e dada a intensidade do mesmo", refere o Governo, ressalvando que a consequência, até ao momento conhecida, é a existência de quatro feridos assistidos pelo INEM no local.

Apesar da necessidade de evacuar populações surgir a partir das 19:25 do dia 17, o número de pessoas retiradas "não foi registado na fita do tempo" do incêndio.

De acordo com o Governo, o primeiro alerta foi dado às 14:43 horas do dia 17 de Junho para o Comando Distrital de Operações de Socorro de Leiria, tendo de imediato sido mobilizados 47 operacionais e 13 veículos, além de um helicóptero de ataque inicial.

O executivo refere também que, "face aos indícios recolhidos no local na madrugada de domingo, o incêndio aparenta ter causa natural", lembrando que está a decorrer um processo criminal.

Questionado pelo CDS-PP sobre o nível de alerta operacional para aquela região no dia 17, o Ministério da Administração Interna refere que este era amarelo, compreendendo um aumento do estado de prontidão do dispositivo de combate a incêndios.

Porém, é admitido pela ANPC que "elevação do nível de alerta teria conduzido a um maior nível de prontidão do dispositivo".

O estado de alerta especial foi elevado para laranja pela ANPC às 18:00 do dia 18 até às 23:59 do dia 20 devido "ao grau de gravidade dos grandes incêndios de Pedrógão Grande e Góis", que obrigou a "uma excepcional mobilização de meios" de combate a incêndios em todo o país.

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