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CHUC: talvez haja cirurgias, segunda-feira, ou talvez não

Diretor de serviço denuncia que a escala de anestesistas para a segunda quinzena de março não foi divulgada, pelo que não se sabe se esta segunda-feira haverá cirurgias. Centro hospitalar garante que toda a atividade está salvaguardada, escusando-se a revelar se foi conhecida a tal escala.

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) garante àSÁBADOque toda a sua atividade se encontra "devidamente assegurada", mas omite se há anestesistas em escala de trabalho destinados às cirurgias agendadas, por exemplo, para 15 de março.

Ricardo Almeida / Correio da Manhã

Segundo um diretor de serviço hospitalar, a escala – que existe, em regra, com bastante antecedência – não foi divulgada para a segunda quinzena do mês, omissão geradora de "inadmissível incerteza".

ÀSÁBADO, o gabinete de comunicação do CHUC limitou-se a indicar estar "garantida resposta aos utentes", tendo, porém, descartado responder à segunda pergunta sobre se, sexta-feira (12), foi conhecida a escala de serviço dos anestesistas.

"Um aspeto é existir escala e não ter sido divulgada, devido a qualquer percalço, coisa diferente é não haver", com as consequências que isso acarreta para os doentes a aguardar serem submetidos a intervenção, declara o cirurgião aposentado Carlos Costa Almeida.

De acordo com o médico e professor universitário, as escalas de trabalho dos anestesistas são conhecidas, habitualmente, com razoável antecedência, sendo desejável que os profissionais estejam a par do historial clínico dos pacientes.

Um diretor de serviço que prestou declarações àSÁBADO, sob anonimato, estranha "o conformismo instalado", vincando haver quem se alheie de um episódio insólito como é a falta de publicação de escalas de trabalho.

"Caso não compareçam anestesistas, segunda-feira (15), para realização de cirurgias programadas, engrossa-se o volume das operações adiadas, em desrespeito pelos pacientes", adverte o médico, alertando para o risco de desaproveitamento de profissionais de saúde cujo trabalho é, hoje em dia, tão importante.

Por seu lado, Carlos Costa Almeida lamenta a existência de "apenas um médico" – Nuno Devesa, diretor clínico – com assento no Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, cujo elenco é composto por cinco pessoas.

Acresce, para Costa Almeida, que consistindo o CHUC num centro hospitalar e universitário, era desejável a existência de um professor de Medicina entre os membros do mesmo Conselho.

Em recente artigo de opinião, o secretário regional do Centro do Sindicato Independente de Médicos (SIM), José Carlos Almeida, questionou "a [falta de] ambição do CHUC enquanto maior centro hospitalar" da sua zona de implantação. Neste contexto, o médico lamenta a alegada "degradação de alguns serviços, outrora de reconhecido prestígio".

"Temo que a ambição do CHUC seja a de se afirmar não enquanto Centro Hospitalar e Universitário (…), mas como Centro Hospitalar Distrital e Universitário de Coimbra", conclui José Carlos Almeida.

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