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Câmara do Porto admite 'crowdfunding' para financiar obras no Coliseu

10 de fevereiro de 2020 às 18:36
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Para Rui Moreira não faz sentido falar em municipalização e sublinha que "o que está em risco é amanhã o Coliseu fechar portas por questões de segurança".

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, admitiu esta segunda-feira a possibilidade de as obras de reabilitação do Coliseu serem feitas com recurso a "crowdfunding" ou uma quota especial, em vez do modelo de concessão que defendeu. "Nada disto impede que as pessoas se organizem, ou seja, se amanhã houver a possibilidade de se fazer um 'crowdfunding' para isto, então digam. Se quiserem criar na Associação Amigos do Coliseu uma quota especial para fazer as obras, ótimo", defendeu na reunião do executivo.

O autarca respondia às questões levantadas hoje, na reunião do executivo, pelos vereadores da CDU e do PS, que defenderam o recurso a financiamento público em vez da concessão a privados, como anunciado pelo autarca no dia 29 de janeiro. À data, Moreira explicou que a razão pela qual optaram por este modelo prendia-se com a impossibilidade de aceder a fundos comunitários para fazer face a um investimento na ordem dos 8,5 milhões de euros. Essa proposta terá de ser ainda aprovada na Assembleia-Geral da Associação Amigos do Coliseu, cuja data ainda não se conhece.

Para o autarca, não faz sentido falar em municipalização e sublinha que "o que está em risco é amanhã o Coliseu fechar portas por questões de segurança". "É evidente que, se houver agentes na cidade disponíveis para arcar com este investimento, e se a Câmara do Porto puder participar, a câmara participará (...). Não posso é ser confrontado permanentemente pela direção do Coliseu a dizer que aquilo qualquer dia cai. Com isso não posso viver", disse.

A vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, disse que o partido vê esta matéria com "grande preocupação, defendendo que "é necessário esgotar todas as hipóteses junto da administração central", referiu."Ainda vamos a tempo, não há uma decisão tomada", declarou, acrescentando que a câmara não pode "ter uma posição de cedência", devendo "pressionar o Governo para uma intervenção" diferente.

Já vereador socialista Manuel Pizarro, disse preferir que neste caso o financiamento fosse público, defendendo mais transparência na gestão dos fundos comunitários. "O que foi considerado mais relevante do que a reabilitação do Coliseu do Porto para que não haja fundos? Eu próprio vou tentar informar-me junto das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional", afirmou. O socialista lembrou ainda que a reabilitação do Coliseu foi usada para justificar a criação de nova empresa de cultura.

O modelo de concessão proposto pela autarquia impõe várias salvaguardas ao promotor privado, a quem estará vedada a possibilidade de alterar a atividade do Coliseu.

A primeira salvaguarda é que associação não deve ser apenas o senhorio do Coliseu, ficando reservado um número de dias suficientes para a realização da atividade programática da Associação.

O concurso público a lançar deve impor ainda que a Associação do Amigos do Coliseu continue a receber os montantes acordados no contrato de mecenato com a Ageas, bem como a manutenção dos cerca de 30 postos de trabalho, durante a execução das obras de restauro.

VSYM//

Lusa/Fim

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