"Não houve nenhuma irregularidade. Os inspectores da Autoridade Nacional de Protecção Civil é que, para agradarem ao seu dono, ao seu amo, não se importam de desrespeitar e pôr em causa a honorabilidade, a dignidade e a honradez de uma associação humanitária de bombeiros. A sua incompetência é que os leva, efectivamente, a estas atrocidades", disse Jaime Soares à agência Lusa.
O responsável refere-se ao inquérito ordenado pelo Ministério da Administração Interna à ANPC sobre as refeições servidas aos bombeiros no combate aos incêndios. Alegadamente, foram detectadas irregularidades entre as refeições servidas por 12 associações humanitárias.
"E é contra a má-fé, contra a incompetência, que a Liga dos Bombeiros Portugueses levanta a sua voz", disse Jaime Soares, que já tinha contestado a isenção da ANPC na realização da auditoria.
"O inspector de auditorias e fiscalização da Autoridade Nacional de Protecção Civil está de má-fé. E lançou a suspeição para cima de todos os bombeiros portugueses quando há uma dúzia de associações que não cometeram nenhuma ilegalidade", prosseguiu o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses.
Jaime Soares admitiu que "há uma diferença" entre as refeições fornecidas aos bombeiros e as facturas da compra de alimentos que "não correspondem ao mesmo valor, nem podem corresponder", porque parte dos alimentos resultam de doações das pessoas, alegou.
"O povo português, muitas vezes, está nos bombeiros a ajudar a confeccionar [as refeições], dá o arroz, dá as batatas, dá o bacalhau, dá a massa, dá o azeite, dá o vinho, dá essas coisas todas e, efectivamente, dá aos bombeiros, para ajudar os bombeiros, não dá ao Estado, não dá à Autoridade Nacional de Protecção Civil", argumentou.
Na sessão solene realizada na noite de terça-feira, Jaime Soares dirigiu-se ao secretário de Estado da Protecção Civil, Artur Neves, presente na cerimónia, e exigiu ao governante que demitisse "imediatamente" o director de auditorias e fiscalização da ANPC, acusando-o de "falta de capacidade e honestidade intelectual" para exercer as funções.
Na resposta, Artur Neves defendeu a realização de auditorias, afirmando que "todos devem ser escrutinados".
"A seu tempo, as instituições terão justificações para dar e não haverá problema a esse nível. Não vamos fazer disto uma luta, porque não vale a pena", retorquiu o secretário de Estado.
Na sua intervenção, Artur Neves frisou que os incêndios de 2017 obrigam a "uma meditação profunda" e defendeu uma estratégia de Protecção Civil "preventiva" em Portugal.