Sábado – Pense por si

Bem vindo à Loja do Cidadão: 22 horas de espera

Alexandre R. Malhado
Alexandre R. Malhado 24 de junho de 2019 às 17:45

A SÁBADO esteve duas madrugadas nas filas das Laranjeiras e Odivelas, em Lisboa, e encontrou desespero. O Governo culpa a "opção sistemática dos cidadãos pela procura dos mesmos locais no mesmo período."

Quando cheguei à Loja do Cidadão das Laranjeiras, em Lisboa, no dia 23, o sol ainda não tinha nascido. Era pouco depois das 6h da manhã e já havia uma fila de quase 40 pessoas no exterior do edifício, que só viria a abrir daí a duas horas e meia. Estava frio, 12 graus, e homens e mulheres de todas as idades abrigavam-se como podiam da madrugada ventosa. O primeiro da fila estava enrolado em cobertores, sentado numa confortável cadeira de escritório, enquanto jogava Candy Crush num tablet - como chegou pelas 3h da manhã, "tinha de se distrair de alguma maneira". "Tenho de arranjar documentos muito urgentes das Finanças e da Segurança Social. Vim cedo porque já sei como isto funciona", explicou o homem de 40 anos, que preferiu não ser identificado. O seguinte da fila meteu-se na conversa, interessado: "Já estou aqui desde as quatro e tal e é a terceira vez em sete meses que faço uma loucura destas", disse José, um cidadão inválido que não sabe porque tem a sua reforma indeferida.

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