Um mês antes das eleições de outubro de 2015, 70% dos eleitores inquiridos já tinha decidido o seu sentido de voto.
Os partidos fazem milhares de quilómetros pelo país e gastam milhões de euros nas campanhas eleitorais, que continuam a ser decisivas para cerca de um terço dos eleitores, segundo um livro do investigador Marco Lisi.
A conclusão é apresentada no livro de Marco Lisi "Eleições: Campanhas eleitorais e decisão de voto em Portugal", editado em julho (Edições Sílabo) e tem por base os resultados dos inquéritos pós-eleitorais feitos pelo Instituto de Ciências Sociais (ICS) e que "mediu" o comportamento dos eleitores nas legislativas de há quatro anos, integrado no projeto Comportamento Eleitoral e Atitudes Políticas dos Portugueses.
A democracia e sistema eleitoral em Portugal dão sinais de grande estabilidade, comparando com Grécia ou Itália, e há muitos eleitores portugueses que continuam a "votar com a carteira".
Um mês antes das eleições de outubro de 2015, a grande maioria dos eleitores inquiridos (70%) já tinha decidido o seu sentido de voto, 10% decide no mês antes da ida às urnas, enquanto menos de 20% restantes afirmaram que só o fizeram na semana anterior à votação, durante a campanha eleitoral.
A obra de Marco Lisi apresenta um quadro sobre a evolução da indecisão eleitoral em Portugal, de 2002 a 2015, e, em média, 71% dos inquiridos responderam ter decidido mais de um mês antes das eleições e 9,8% no mês antes, enquanto 7,9% disseram ter tomado a decisão na semana antes.
Uma percentagem menor, 3,7%, respondeu que só decidiu como votar na véspera e 7,5% admitiu até que só tomou a decisão no dia das eleições.
Em média, lê-se no livro, "cerca de 70% dos eleitores mostra-se resoluto", ou seja, que tomou "a sua decisão mais de um mês antes do dia eleitoral", "cerca de 10% parece tomar a sua decisão no mês que antecede a eleição enquanto os restantes 20% decide na semana antes das eleições".
Apesar de as "máquinas" partidárias estarem há semanas na estrada, o período oficial de campanha eleitoral para as legislativas de 06 de outubro começa no domingo e termina na sexta-feira, 04 de outubro.
Em declarações à Lusa, Marco Lisi, professor auxiliar do Departamento de Estudos Políticos da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e investigador do ICS, afirmou que a campanha eleitoral "pode não determinar o resultado" mas "pode ser determinante" em várias circunstâncias, uma das quais pode aplicar-se às eleições de 06 de outubro.
Dois casos citados são quando "a competição entre os dois principais partidos é muito elevada" ou, como pode acontecer com as próximas eleições, "uma pequena percentagem de eleitores decidir se há uma maioria absoluta de um partido".
"Nesses casos, é claro que a campanha vai fazer a diferença", afirmou.
E como é que os eleitores se informam para tomar uma decisão nos casos em que o sentido de voto é definido com muita antecedência? A televisão continua a ser o "media" preferido para os eleitores se informarem, a avaliar pelas respostas dos inquiridos nos estudos do ICS, de 2002 a 2015.
Em média, 76,6% responderam que recebem notícias políticas uma vez ou mais por semana, mais do que os dizem informar-se, 38,9%, através dos jornais. Para 26% dos inquiridos as notícias políticas chegam pelas rádios e para 7,8% pela Internet.
As campanhas eleitorais decidem? Para 30% dos eleitores, sim
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
A desinformação não é apenas um fenómeno “externo”: a nossa própria memória também é vulnerável, sujeita a distorções, esquecimentos, invenções de detalhes e reconstruções do passado.
Fazer uma greve geral tem no sector privado uma grande dificuldade, o medo. Medo de passar a ser olhado como “comunista”, o medo de retaliações, o medo de perder o emprego à primeira oportunidade. Quem disser que este não é o factor principal contra o alargamento da greve ao sector privado, não conhece o sector privado.
Há alturas na vida de uma pessoa em que não vale a pena esperar mais por algo que se desejou muito, mas nunca veio. Na vida dos povos é um pouco assim também. Chegou o momento de nós, europeus, percebermos que é preciso dizer "adeus" à América. A esta América de Trump, claro. Sim, continua a haver uma América boa, cosmopolita, que gosta da democracia liberal, que compreende a vantagem da ligação à UE. Sucede que não sabemos se essa América certa (e, essa sim, grande e forte) vai voltar. Esperem o pior. Porque é provável que o pior esteja a chegar.