"A Igreja está assumidamente ao lado dos excluídos e destes [imigrantes e refugiados] que nos procuram", afirmou Eugénia Quaresma da Obra Católica das Migrações.
Organizações católicas que lidam com imigrantes e refugiados estão a concluir um documento de reflexão que ajude a formar os crentes nas paróquias para a tolerância e integração, promovida pela Doutrina Social da Igreja.
Luís Manuel Neves/Sábado
Em declarações à Lusa, Eugénia Quaresma, da Obra Católica das Migrações, explicou que essa foi uma das conclusões das estruturas que integram o Fórum de Organizações para a Migração e Asilo (FORCIM) e que hoje se reuniram na Conferência Episcopal Portuguesa. As estruturas tinham como mote para reflexão "o discurso de ódio o que podemos fazer enquanto Igreja?" e analisar a atualidade.
"Preocupa-nos que vozes xenófobas existam na Igreja e temos de ter capacidade de ir ao encontro destas comunidades cristãs como um todo", afirmou a dirigente, admitindo que a intolerância ao imigrante e refugiado também parta de quem se diz católico e defensor de uma matriz judaico-cristã europeia.
É necessário um "plano de advocacia e de comunicação" que ajude a Igreja a falar diretamente nas paróquias sobre o tema das migrações, uma área em que "a Doutrina Social da Igreja tem trabalho feito, um percurso já antigo", na defesa dos migrantes e refugiados.
É preciso "mergulhar na doutrina católica sobre migrações", porque há "pessoas que parece que não conhecem o que a igreja diz e defende há muitos anos", considerou Eugénia Quaresma.
"A Igreja está assumidamente ao lado dos excluídos e destes [imigrantes e refugiados] que nos procuram" e é a "nós [organizações católicas] que nos cabe interagir" dentro das comunidades católicas, "apelando ao diálogo, à diversidade e a aprender a escutar".
As organizações católicas que compõem o FORCIM estão quase todas sob a tutela da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana e vão elaborar um documento que agregue tudo o que a Igreja defende sobre o tema para ser entregue a toda a hierarquia, que deve depois ensinar, discutir e promover em cada comunidade local.
"Queremos fazer esta recomendação aos bispos para que estejam atentos e acompanhem mais de perto esta realidade, principalmente ao nível das paróquias", explicou Eugénia Quaresma.
O FORCIM nasceu em 2001 e integra organizações tão diversas como a Capelania da Comunidade dos Africanos, a Cáritas Portuguesa, o Centro Padre Alves Correia, a Comissão de Apoio à Vítima de Tráfico de Pessoas, a Comissão Nacional Justiça e Paz, a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre ou o Serviço Jesuíta aos Refugiados, sob a coordenação da Obra Católica Portuguesa de Migrações.
As migrações constituem "temas complexos" que estão hoje com uma "imagem confusa que podem alimentar a visão negativa" relativamente a quem chega, afirmou Eugénia Quaresma, comentando as filas de espera junto aos espaços da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).
"Hoje o dia foi mais calmo e reconhecemos o esforço que os funcionários da AIMA estão a fazer para que o trabalho seja feito a horas", mas o "discurso xenófobo preocupa-nos e vemos que temos de trabalhar sobre aquilo que ajuda a alimentar este discurso" que são os problemas de exclusão que existem.
No que diz respeito à AIMA, a dirigente da Obra saudou aquilo que classifica ser o maior "contacto de proximidade" com a sociedade civil por parte da estrutura pública.
"Há uma evolução positiva e isso é importante referir", disse.
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