Santos Silva vai levar insultos do Chega à Conferência de Líderes
Presidente da Assembleia da República prometeu esta quinta-feira levar à Conferência de Líderes o caso dos apartes insultuosos do Chega contra a socialista Edite Estrela. Em plenário, Ventura e Eurico Brilhante Dias discutiram sobre o tema.
Foi um arranque tenso de plenário. O líder da bancada do PS, Eurico Brilhante Dias, começou a sessão parlamentar a censurar a "falta de respeito" do Chega, com "laivos de misoginia", contra a vice-presidente da Assembleia da República, Edite Estrela. Em causa estão apartes feitos pelos deputados Pedro Frazão e Rita Matias contra a socialista — e segundo Isabel Moreira, Matias chegou a chamar Estrela de "senil". Em resposta, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, lamentou igualmente o ocorrido e promete levar a "sucessão de comportamentos" do Chega à Conferência de Líderes.
"Levarei este assunto à Conferência de Líderes. Não este episódio em particular, especialmente grave, mas sim uma sucessão de comportamentos que desafiam o nosso regimento e as condições em que o debate livre e plural se pode fazer", frisou Santos Silva. "Esse debate tem a condições de que sejamos duros quando necessário, do ponto de vista político, mas respeitadores uns dos outros. Que usemos argumentos políticos, mas não insultos pessoais. Só insulta quem não tem outros argumentos a dar", acrescentou.
Antes de Santos Silva garantir que levaria o assunto à Conferência de Líderes, Brilhante Dias já tinham discutido em plenário com o André Ventura, presidente do Chega, que tentou justificar o comportamento do seu grupo parlamentar. "[A vice-presidente da AR, Edite Estrela] não se consegue abstrair-se do facto de ser deputada do Partido Socialista e conduz os trabalhos, não como vice-presidente da AR, não como primus inter pares, mas como se o PS conduzisse a AR", afirmou Ventura. O líder do Chega lembrou que Edite Estrela mandou calar Rita Matias: "Oh senhora deputada pode estar caladinha?" "Se eu me virar para a sra. deputada Edite Estrela e disser para 'a senhora deputada estar caladinha', não será muito cordial, nem muito cordato da minha parte. Será um abuso de poder, um abuso de posição e, sobretudo, uma indelicadeza", concluiu Ventura.
Já o líder parlamentar do PS lembrou que os insultos do Chega não são "apenas um caso de má prática parlamentar". "Foi um caso de falta de respeito por todos os deputados, porque a senhora vice-presidente, presidindo à sessão, representa-nos a todos", afirmou o socialista. "A liberdade de expressão não é insulto. Há regras a cumprir e ontem, infelizmente, a deputada Edite Estrela, uma valorosa e valiosa deputada deste hemiciclo, foi insultada, faltaram ao respeito à senhora deputada que presidia à sessão. É um insulto, uma falta de respeito para com o parlamento", salientou.
Edições do Dia
Boas leituras!